Aéreo e Marítimo se encontram

Debate que aconteceu na Alemanha colocou os dois setores em perspectiva, apontando as maiores dificuldades de cada um deles

Foi o primeiro encontro do gênero na história: durante o evento de cargas aérea e marítima “Airfreight meets Seafreight,” Peter Gerber, CEO da Lufthansa Cargo e Rolf Habben Jansen, CEO da Hapag-Lloyd, responderam em conjunto as questões colocadas pelo moderador Oliver Detje, editor chefe da revista alemã DVZ, contribuindo com a sua avaliação sobre a situação atual da economia e os desafios iminentes. O evento passou de 100 participantes, entre os quais estavam clientes de ambas as companhias e jornalistas do setor.

Perguntados sobre os principais problemas enfrentados pelos seus respectivos setores, Gerber mencionou a proibição dos voos noturnos recentemente estabelecida em vários lugares, como Frankfurt, na Alemanha, enquanto Rolf Habben Jansen enfatizou: “Hamburgo está competitivo, mas a questão é se manter competitivo”, apontando principalmente a necessidade de se levarem adiante os planos de dragagem do rio Elba o mais rápido possível.

Comum a ambos os setores, um dos problemas enfrentados pelas empresas que alguns dos concorrentes são fortemente sustentados por incentivos federais, o que “distorce a competição e cria um ambiente desequilibrado”, disseram os palestrantes. Peter Gerber, em especial, criticou a falta de regulamentação para o tráfego aéreo em alguns países, e convocou a União Europeia a tomar as medidas necessárias para dificultar que os países do petróleo Árabe continuem subsidiando suas companhias aéreas da forma como fazem hoje em dia. “Sem os subsídios governamentais, as três companhias aéreas daquela região não sobreviveriam, considerando o dumping que têm aplicado atualmente no setor de cargas”, afirmou o CEO da Lufthansa. “Eles estão se preparando para a era pós-petróleo, quando os estoques já tiverem se esgotado”. Da mesma forma, a navegação também tem concorrentes subsidiados, não só pelos países árabes, mas também – e em especial – a China. Jansen explicou que, com os subsídios e os fretes baixos, a China busca salvaguardas para manter o baixo preço das exportações de seus produtos.

A lentidão das medidas relativas à infraestrutura também foi colocada em pauta, assunto criticado por ambos os CEOs, insatisfeitos com a morosidade da implantação de melhorias na Europa, incluindo obras nas estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Gerber levantou a necessidade de haver cooperação entre iniciativas privadas e representantes da política para acelerar a questão da infraestrutura, temendo que a situação cause impacto na competitividade global.

Gerber lembrou também que um dos principais desafios para a Lufthansa Cargo, nos próximos anos, será a digitalização. Além de digitalizar 100% dos documentos envolvidos no processo de transportes, a Lufthansa também pretende harmonizar a tecnologia com todo o setor de cargas aéreas. Neste quesito, Habben Jansen lembrou que a navegação já pode se dizer à frente do setor aéreo, no qual apenas metade da informação da carga é transferida por canais eletrônicos pelo próprio cliente. Para a Hapag-Lloyd, o tema central dos próximos anos serão as alianças e o gerenciamento da produtividade, por meio dos quais as companhias aéreas já controlam a sua receita hoje em dia. “Nesse quesito, temos muito a aprender dos nossos parceiros da carga aérea”, completou Jansen.


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