Fusões e aquisições avançam no setor logístico mesmo com cenário incerto

Enquanto muitos setores aguardam estabilidade para voltar a investir, o mercado de logística se destaca por um movimento estratégico e bilionário de fusões e aquisições (M&A). Em vez de enxergar a instabilidade como um risco, muitos players do setor têm visto o cenário atual como um terreno fértil para oportunidades.

Segundo Jefferson Nesello, sócio-fundador e diretor da ZAXO, boutique de M&A especializada em middle market, o momento é ideal para negociações inteligentes: “Quando tudo está muito previsível, os preços estão lá em cima. É nas incertezas que surgem os melhores negócios.”

Essa leitura é respaldada por números. De acordo com o relatório Transportation & Logistics M&A Pulse Q4 2024, da consultoria PMCF, o setor registrou 511 transações globais no ano passado. E só no primeiro trimestre de 2025, o volume chegou a 250 transações, um crescimento de 3,3% em relação ao trimestre anterior, segundo levantamento da R.L. Hulett & Company.

No Brasil, o ritmo não é diferente. Entre janeiro e março deste ano, estima-se que o país tenha registrado cerca de 399 transações de fusões e aquisições — sendo de 32 a 48 delas no setor logístico e de transporte, o que equivale de 8% a 12% do total, conforme dados históricos de PwC, KPMG e TTR Data.

Grandes movimentos recentes

CMA CGM e Santos Brasil: Em setembro de 2024, a gigante francesa adquiriu 48% da Santos Brasil em uma transação de R$ 6,3 bilhões, com possibilidade de oferta pública para controle total.

Lenarge e Zero Carbon Logistics: Em abril de 2025, a Lenarge anunciou a aquisição da Zero Carbon Logistics, referência em transporte sustentável com frota movida a eletricidade e GNL. A operação deve gerar um faturamento conjunto de R$ 2 bilhões no primeiro ano, com crescimento estimado de 30% para a Lenarge.

Com mais de 283 logtechs ativas no país — quase metade voltadas à gestão logística —, o setor segue aquecido. Segundo o relatório Distrito LogTech Report, elaborado com apoio de KPMG, VLI e Volvo, o setor movimenta cerca de R$ 749 bilhões por ano, ou 12,7% do PIB nacional, segundo o ILOS/CNT.

A transformação digital, a pressão por sustentabilidade e a busca por eficiência operacional continuam a atrair investidores. Mesmo em um ambiente de incertezas macroeconômicas, o setor logístico brasileiro se posiciona como um dos mais promissores para operações de M&A nos próximos anos.


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