Desaceleração na produção é cenário complicado para as montadoras

Apesar de pequena retomada em julho produção ficou longe de reverter as perdas do ano

Enquanto a movimentação de veículos acelera e incrementa o setor automotivo em algumas regiões (Leia no Guia), a produção deles desacelera e mesmo registrando alta no mês passado, passa longe de conseguir reverter as perdas da produção no ano. É o que mostra o balanço registrado essa semana pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). De acordo com a associação, em julho as montadoras instaladas no Brasil fabricaram 189.907 unidades, uma alta de 4,7% em relação a junho, mas com queda de 15,3% na comparação com julho do ano passado.

No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a retração foi de 20,4%, com a produção de 1,205 milhão de unidades. Em 12 meses, a queda é ainda pior: chega a 25,4%.

Apesar dos resultados acumulados ainda negativos, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, comemorou o crescimento da produção em relação a junho, mas disse que “ainda não é possível afirmar que há um início consistente de recuperação do mercado de veículos”. Ele chegou a dizer que a fabricação de veículos em julho poderia ter sido até um pouco maior, se algumas montadoras não tivessem sido obrigadas a interromper a produção algumas vezes. Ele não citou nomes, mas a Volkswagen, por exemplo, enfrentou problemas com fornecimento de peças e teve de parar a fábrica de São Bernardo do Campo por alguns dias.

Ele lembrou que, mesmo com a alta da produção em relação a junho, “muitas empresas” continuam recorrendo a medidas de flexibilização da produção, como o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que permite a redução da jornada e dos salários dos trabalhadores em até 30%.

Por outro lado, Megale ressaltou que o setor tem buscado compensar a baixa demanda interna com vendas para o exterior. “Estamos vendo na exportação uma alternativa importantíssima”, afirmou o empresário, lembrando em seguida o esforço do governo em assinar novos acordos comerciais bilaterais. As exportações em valores de veículos e máquinas agrícolas somaram US$ 939,284 milhões em julho, crescimento de 24,6% na comparação com julho do ano passado e alta de 6% ante junho. No acumulado do ano, no entanto, também ainda enfrentam baixa de 8,1% sobre igual período de 2015, para US$ 5,785 bilhões.

De acordo com o presidente da Anfavea um novo plano para desenvolver a indústria brasileira terá início provavelmente em 2018. “Não se trata de uma nova edição do Inovar Auto (programa que concede incentivos fiscais às montadoras que fazem investimentos produtivos no país), mas de uma nova política industrial de longo prazo”.

Fazendo referência ao Inovar Auto, ele afirmou que é complicado trabalhar com programas que se encerram deixando o mercado sem saber como vai ser. “E o governo compactua com a nossa visão de que estamos falando de uma nova política industrial”, afirmou o presidente da associação.


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