Novos acordos são necessários, mas dependem de mais que “boa vontade” e “disposição política”
Para Millton Lourenço, “acordos seriam o melhor caminho para o Brasil sair do atual isolamento e ampliar os números de seu comércio exterior”
“Não há dúvida que os acordos de livre-comércio seriam o melhor caminho para o Brasil sair do atual isolamento e ampliar os números de seu comércio exterior. O problema é que apenas boa vontade e disposição política para buscar esses acordos não bastam”.
A afirmação é do presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicomis (Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo), Milton Lourenço, que ressalta ver, porém o esforço Armando Monteiro, do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para mudar essa situação.
Visto como principal obstáculo para que o Brasil conseguisse assinar um acordo de livre-comércio com um grande bloco ou nação, o Mercosul teve sua resposta durante o período de 2003-2010, quando foi visto que o verdadeiro entrave “estava dentro do próprio governo, que preferia investir na política Sul-Sul, boicotando as negociações para a formação da Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca) em favor de um diálogo com países em desenvolvimento que nunca prosperou”.
De acordo com ele, no caso do acordo Mercosul-União Europeia – onde as negociações vêm desde 1998 – o fato é que o Brasil vinha sendo progressivamente arrastado pelo protecionismo argentino, durante os governos Kirchner. Mas ressalta: “os principais obstáculos sempre estiveram dentro do território brasileiro com setores pouco competitivos da indústria nacional sempre trabalhando para impedir o progresso das negociações”.
O País que nos últimos meses conseguiu uma proposta para a UE com seus parceirosdo Mercosul, para Lourenço dessa vez o obstáculo está do outro lado: são os agricultores europeus que têm receio da competitividade dos produtos do agronegócio (carnes, frutas e grãos, principalmente) do Brasil e Argentina. “Bem articulados, os agricultores europeus sabem se movimentar no tabuleiro político de seus países para impedir a concorrência com os produtos do Mercosul”.
Ainda segundo o executivo, o que tem restado são os ACFI (Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos), que foram assinados com México, Colômbia, Chile, Angola, Moçambique e Malaui.
De acordo com Lourenço, os acordos são de segunda geração e não incluem a questão tarifária, mas sim investimentos, bitributação, serviços e medidas fitossanitárias. Além disso, existem os acordos automotivos firmado com a Colômbia e México (renovado até 2019). “Seja como for, são tratados essenciais para ampliar o comércio, estimular os negócios bilaterais e dar mais segurança ao investimento”, finalizou.
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