Segundo informações da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), divulgadas pela Sociedade Nacional da Agricultura, o El Niño deve continuar influenciando as chuvas e as temperaturas no Brasil pelo menos até o final do verão 2015/16 (meados de março). O fenômeno é o principal responsável pelo clima atípico de 2015, e ocorre quando as águas do Pacífico ultrapassam em 0,5°C a média histórica por um período de quatro meses consecutivos. No final de 2015, no entanto, a temperatura da Superfície do Mar excedeu em até 3°C os valores médios históricos.

Desta forma, o atual fenômeno é um dos mais fortes já registrados, sendo que, no Brasil, os efeitos são ainda mais expressivos nos extremos: seca nas regiões Norte e Nordeste, e muita chuva no Sul. Ambos os fenômenos foram responsáveis por prejuízos na a produção de frutas e hortaliças em 2015, e devem continuar influenciando em 2016.

Outro problema que acomete as safras é a maior incidência de pragas e doenças no campo, o que aumenta a necessidade de aplicação de defensivos agrícolas, diminui o teor de saúde dos alimentos e aumenta os custos de produção, que já foram turbinados nesta safra com a disparada do dólar, uma vez que os fertilizantes e defensivos subiram, em média, 30% neste ano.

Veja os produtos mais afetados:

Batata, cenoura e tomate: a falta de água deve dificultar a manutenção da área prevista para essas culturas na Bahia no primeiro semestre de 2016, podendo resultar em queda nos investimentos.

Cebola: no Vale do São Francisco, os produtores já cultivaram menos em 2015 e podem reduzir ainda mais a área, caso as chuvas não se regularizarem.

Maçã: no Sul, as precipitações muito acima da média desde setembro e a ocorrência de granizo limitaram a produção da safra 2015/16 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, uma vez que a floração e a polinização foram prejudicadas.

Banana: o norte de Santa Catarina, teve os bananais prejudicados, não apenas em suas atividades de campo, como também por riscos de deslizamentos.

Uva: as chuvas impactam negativamente também na produção de uva de mesa, tanto no final de 2015 como no primeiro semestre de 2016 no norte do Paraná, além da safra gaúcha 2015/16 de uva industrial, mantendo a oferta baixa e a qualidade insatisfatória. Viticultores do Vale estão receosos com a possível redução na vazão da água para irrigação, o que pode impactar na produtividade da safra 2016 e até mesmo nas exportações.

Manga: na Bahia, no Vale do São Francisco e até mesmo no Norte de Minas, o calor e a baixa disponibilidade de água prejudicaram o desenvolvimento dos frutos, reduzindo a produtividade dos pomares.

Melão e mamão: no Rio Grande do Norte/Ceará, a falta de água já levou à diminuição da área do melão em 2015, assim como o mamão, cuja situação que pode se agravar caso a seca piore na região de Mossoró/Baraúna em 2016.