Capacidade e demanda: equação insustentável
BIMCO alterou as estatísticas de capacidade mundial de containers e alerta: situação não é favorável nem para o embarcador
Em relatório publicado na terça-feira pela BIMCO, o especialista de análise do mercado marítimo da entidade, Peter Sand, declarou que as expectativas são de que 400.000 Teus deixem o mercado neste ano, direcionados para demolição ou desativação. Em 2015, foram sucateados o equivalente a 200.000 Teus, e a primeira previsão realizada pela própria BIMCO para 2016, divulgada em janeiro, era de que apenas 250.000 Teus seriam desativados.
A questão é que a frota mundial de porta-containers não para de crescer, e hoje já passa dos 20 milhões de Teus, com 85 novas embarcações acrescentadas ao mercado nos sete primeiros meses do ano, que aumentaram a capacidade em 598.000 Teus. No mesmo período, já foram eliminados 303.000 Teus, com 92 navios demolidos ou sucateados, explica o relatório.
Otimismo - Além da supercapacidade, os resultados são atribuídos à baixa demanda, que, no primeiro semestre, ultrapassou 2015 em apenas 2%. Ainda assim, a BIMCO mantém o otimismo: “Se considerarmos o nosso último relatório, que atestava que a demanda não tinha muita chance de ver qualquer alteração, já conseguimos enxergar algum desenvolvimento, ínfimo e lento, porém – e sobretudo – positivo", reflete Sand.
Ele estima que, em volumes, as cargas movimentadas mundialmente devam crescer cerca de 8% entre 2016 e 2018, enquanto as demolições devem ficar em torno de 3%, atualmente, e 2%, em 2017 e 2018. Ainda com olhos para o futuro, Sand afirma que os armadores vão sentir o impacto das baixas tarifas acordadas no início de maio de 2016 para as rotas do Transpacífico. “Evidências indicam que o preço oferecido pelos armadores a seus grandes clientes caiu para abaixo de US$ 750 por Feu na rota para a costa oeste americana, e de US$ 1.500 por Feu para a costa leste – níveis que refletem a fraqueza do mercado spot durante o período mais intenso de negociações”, diz o especialista, que alerta que os clientes vêm experimentando um período de grande poder de negociação jamais visto desde 2009, após a crise financeira dos EUA.
Por mais esperanças que se possam depositar no mercado mundial, as previsões para a indústria marítima não são nada animadoras, segundo a BIMCO: podem-se esperar ainda mais quedas para o mercado spot no próximo ano, o que deve ser agravado pela batalha dos armadores por market share.
Sand comenta ainda que, “enquanto um crescimento na demanda é imprescindível para os dois últimos trimestres de 2016, o que se vê, na prática, é uma piora constante: economia retraída, parte da frota ociosa reativada, e novos navios superando a quantidade de embarcações desativadas”.
Supercapacidade - Segundo a publicação IHS Fairplay, um aumento nas estatísticas de demolições seria bastante bem vindo. No entanto, a situação real é que os novos navios que entram no mercado possuem capacidades muito superiores às das unidades desativadas, uma tendência também confirmada por Peter Sand.
A equação fica ainda mais complicada diante da relação alterada entre volumes de containers embarcados e PIB global: até 2010, o comércio mundial apresentou crescimento maior do que o PIB global. Porém, quando essa margem se evaporou, a indústria da navegação sentiu pesadamente o impacto. E, embora as novas encomendas já tenham diminuído seu ritmo, o mercado demorou um pouco a reconhecer o “novo normal” da demanda global (Leia no Guia).
Perigo - Enquanto embarcadores aproveitam o momento de negociar tanto tarifas spot quanto longos contratos – e quem não aproveitaria? –, Sand comenta que o colapso da Hanjin vem justamente lembrar que, em longo prazo, tarifas de frete levadas a parâmetros insustentáveis não são interessantes nem mesmo para o embarcador, uma vez que aumentam o risco de comprometer grandes operadores – e, junto com eles, a própria cadeia de suprimentos.
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