Black Friday aquece o e-commerce, porém logística requer atenção

Varejo eletrônico mantém crescimento, e conta com a famosa sexta-feira para impulsionar vendas

Apesar da deflação de 0,78% registrada no último mês, os preços do comércio eletrônico aumentaram 3% quando comparados a outubro de 2015, de acordo com o Índice FIPE Buscapé. Os valores vinham de uma escalada ao longo de 2015, que chegou a quase 11% no início de 2016, porém, a partir do segundo trimestre deste ano, essas variações começaram a cair. A tendência, segundo o relatório, é de fechar o ano de 2016 com queda de -0,5%.

Sandoval Martins, CEO do Buscapé, disse acreditar que a reversão à disparada do dólar e as mudanças no cenário político brasileiro influenciaram positivamente sobre a confiança do consumidor e impulsionaram as vendas. “A valorização do real impacta diretamente no preço de muitos produtos que integram a cesta do e-commerce, a maioria pertencente à categoria de eletrônicos”, disse Sandoval Martins, CEO do Buscapé.

Martins também aproveita para assegurar ao consumidor de que, de acordo com o índice, neste ano, os varejistas não aumentaram seus preços para reduzir na Black Friday, que acontece nesta sexta-feira (25). “A data consolidou-se no calendário do varejo e as empresas do varejo eletrônico estão levando a sério a proposta de oferecer descontos reais”, disse.

Os gráficos comparativos do Índice Buscapé podem ser conferidos aqui.

Outro estudo recém-lançado pelo BCG (The Boston Consulting Group), em parceria com a Cielo aponta que o consumo online no Brasil vem aumentando, e já supera o desempenho das vendas nos canais tradicionais durante a crise. Os segmentos de Cosméticos e higiene Pessoal; Lojas de departamento; Agências e operadores de viagens; Varejo ampliado e Artigos Esportivos estão entre os dez que apresentaram crescimento significativo no comércio eletrônico.

Intitulado Ilhas de Oportunidade: Como Navegar no Mercado Consumidor Brasileiro Durante a Crise?, o levantamento foi realizado com uma base de 6 bilhões de transações por ano, envolvendo 160 milhões de cartões de crédito e débito entre 2011 e 2105, e é um dos mais completos sobre a evolução do consumo no Brasil. Segundo o BCG e a Cielo, a tendência onipresente do e-commerce continua a prosperar, especialmente à medida que os consumidores das cidades do interior começam a utilizar o ambiente online para pesquisar e escolher os melhores produtos e “caçar” as melhores ofertas - os milhões de habitantes de pequenas cidades do interior do Brasil representam mais de metade da população brasileira.

“As compras online são desproporcionalmente impulsionadas pelos consumidores de mais alta renda, para os quais a crise teve menor impacto”, explica Daniel Azevedo, sócio do BCG. De fato, a taxa de crescimento do comércio eletrônico em 2015 entre as famílias de alta renda foi 1,6 vezes maior que a média nacional, e mais do que cinco vezes maior do que a das famílias de média a baixa renda.

Segundo a Cielo, a Black Friday também vem mudando o comportamento sazonal do varejo ano, principalmente para os lojistas de e-commerce, e já corresponde a sete sextas-feiras comuns em volume de vendas somente nas lojas online – considerando o desempenho da data no último ano.

O estudo conclui que, embora a internet ainda tenha mais influência nas fases pré e pós-compras, o comércio eletrônico representa, especialmente na atual recessão, uma rara oportunidade para os comerciantes e varejistas que sabem como atuar neste canal.

Logística ainda é o Calcanhar de Aquiles

O relatório da Webshoppers (E-bit/Buscapé) mostra que o setor de e-commerce aumentou o faturamento de vendas em 38%, na comparação com 2014 e, mesmo com a queda dos preços praticados, ainda se estima crescimento de cerca de 8% para este ano. Para chegar ao resultado, o varejo eletrônico conta com o impulsionamento das vendas na Black Friday, que já superou datas clássicas como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais e Dia das Crianças.

No entanto, o E-bit alerta que, para atender a alta demanda é preciso munir-se de estratégias e dispor de uma boa infraestrutura, principalmente quando se trata de gerenciamento logístico, em que qualquer falha no cumprimento dos prazos pode ser crucial para a imagem da loja online.

Atender ao pico da demanda esperada para a Black Friday não é tarefa simples. Um levantamento do “Busca Descontos” aponta que, em 2015, mais de 3,1 milhões de pedidos foram registrados, e a previsão é aumentar o número em 29% nessa edição, ultrapassando 4 milhões.

Além dos sites sobrecarregados com o alto número de acessos, os consumidores ainda terão de lidar com prazos de entrega maiores que os de costume, o que aumenta o nível de insatisfação caso ocorra alguma falha nesse processo. Dados do Procon-SP apontam que um dos itens que mais gerou reclamações junto ao órgão, durante a última edição, foi o atraso na entrega.

Segundo pesquisa feita pelo Sebrae e pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), em 2015 o envio de produtos foi a maior dificuldade encontrada pelos lojistas. Roberto Hoffmann, CEO da SHL Logística, alerta que, apesar de o e-commerce ser um dos grandes propulsores de investimentos em logística no país, boa parte dos empreendedores do segmento ainda carece de soluções especializadas que aumentem a eficiência dos serviços. “Para evitar transtornos e garantir o sucesso nas vendas, é essencial que os empreendedores adequem a logística da empresa para atender essa demanda, pois, ao mesmo passo em que o número de vendas sobe, o trabalho da expedição aumenta na mesma proporção e os cuidados devem ser redobrados, pois qualquer falha pode repercutir de forma negativa e por muito tempo na imagem da loja”, afirma o operador.

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