Setor público- privado precisa assumir riscos e fortalecer relações

União da criatividade e empreendedorismo do setor privado, com planejamento e oportunidades do setor público são fundamentais

“Chegou a hora dos setores público e privado assumirem riscos. Não podemos abrir mão do combate pela segurança. Nos preparamos muito para algo que já devia estar acontecendo. Poder combater é ter controle, ser protagonista e não passageiro”. A afirmação é do diretor de portos da Cargill, Clythio van Buggenhout, ao metaforizar o fator com o universo da navegação, onde se diz que o comandante primeiro checa a flutuação, depois a navegabilidade para então combater.

Se referindo principalmente ao crescimento da produção agrícola do País e às dificuldades, e altos custos, para escoamento da produção, Buggenhout ressaltou que em dez anos a exportação física de grãos cresceu seis vezes, e que essa não foi acompanhada pela infraestrutura. "Os países que conseguiram modelar melhor suas concessões aproveitaram melhor momentos de expansão. Nos preparamos muito para algo que já deveria estar acontecendo", acredita o executivo.

A companhia que anunciou um plano para investir US$ 100 milhões em um terminal de exportação de grãos na Ucrânia, em parceria com a companhia ucraniana MV Cargo, objetiva construir um terminal de grãos com capacidade de embarcar 100 mil toneladas no Porto de Odessa, situado no Mar Negro. "Com esse investimento, a infraestrutura portuária da Ucrânia será expandida e nos dará maior eficiência para conectar a produção agrícola excedente do país aos lugares do mundo que precisam de mais alimento", afirmou Andreas Rickmers, chefe da unidade de grãos e oleaginosas da Cargill na Europa.

"Para que o Brasil consiga “combater” esse cenário, é preciso fortalecer as relações público-privada.  É urgente que se una criatividade e empreendedorismo do setor privados com o planejamento, bem-estar social e equidade de oportunidades do setor público". A expectativa da MV Cargo é registrar uma receita anual de aproximadamente US$ 11 milhões com o terminal, além da criação de 350 postos de trabalho. As exportações de trigo da Ucrânia devem aumentar para 15,5 milhões de toneladas no ano comercial de 2015/16, iniciado em julho do ano passado.

O volume representa mais que o dobro do recorde anterior, de 7,19 milhões de toneladas no ciclo 2012/13, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) A construção do terminal deve começar neste mês e deve ser concluída em 2018.

Ações

Para que o Brasil consiga “combater” esse cenário, Marcelo Araújo, presidente executivo do Grupo Libra, defende o fortalecimento das relações público-privada. Para ele, é urgente que se una criatividade e empreendedorismo do setor privados com o planejamento, bem-estar social e equidade de oportunidades do setor público. “Há uma demanda enorme por investimentos e temos que desenferrujar essas relações".

Araújo aponta também uma maior constância nos leilões de concessão do segmento logístico, nos diversos modais existentes, ressaltando que “o ideal, é que novas rodadas acontecessem todos os anos para que não houvesse o represamento de projetos”. Ele acredita que o sucesso dos últimos leilões portuários mostra que as escolhas dos projetos têm sido cirúrgicas e o investidor vê estabilidade regulatória.

Para Wilen Manteli, presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), a situação é mais crítica, apontando a ausência de um fator como essencial: falta de pragmatismo ao setor público para acelerar processos licitatórios e operacionais. "O governo deve fomentar a concorrência e fazer o que interessa para o País. Tem muito investidor querendo investir, mas eles querem também segurança jurídica e previsibilidade", concluiu.

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