Visão de futuro há mais de três décadas
Carga valiosa não só para a produção, mas também para a indústria
Décimo maior produtor mundial de óleo de palma, ou óleo de dendê, como é popularmente conhecido o produto, o Brasil produz atualmente 320 mil toneladas por ano, extraído da polpa da fruta, mas consome 590 mil toneladas. Se levado em conta o palmiste, que é o óleo extraído da amêndoa da fruta, a demanda total sobe para 820 mil toneladas anuais.
Quase toda a produção, cerca de 97%, vai para a indústria de alimentos, como massas e doces. Para suprir toda essa demanda, o País deveria aumentar a sua área plantada em 117 mil hectares, além dos atuais 210 mil hectares já cultivados. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês), a produção mundial de óleo de palma é de 61,8 milhões de toneladas, em 17 milhões de hectares. A Indonésia e a Malásia são as maiores produtoras, com 33 milhões de toneladas e 20,5 milhões, respectivamente.
No começo de agosto o Porto de Santos, viveu um feito inédito: recebeu um navio que realizou uma viagem de cabotagem entre as regiões Norte e Sudeste transportando uma carga de óleo de palma. (Leia no Guia). Inédito também foi o destino da carga, Limeira, no interior paulista, onde desde a ancoragem do navio, o óleo foi desembarcado e transferido por caminhões para o município, onde foi inaugurada no final de julho a primeira refinaria de óleo de palma fora da maior região produtora do País, o Estado do Pará.
A escolha de Limeira foi estratégica, depois da análise de 42 municípios candidatos a receber a refinaria. No seu entorno estão 65% do consumo nacional do óleo vegetal, equivalente a 530 mil toneladas anuais.
A primeira do País e a quinta do mundo que faz o fracionamento contínuo de óleo, Marcello Amaral Brito, presidente da Agropalma, explica que esse é o método mais eficaz e moderno de processamento da polpa do fruto.
Com investimentos de R$ 550 milhões nos últimos três anos, Brito afirma que a companhia está “mudando o mapa da palma no País”. O executivo que explicou que desse total, R$ 260 milhões serviram para montar a refinaria de Limeira, aponta ainda que o projeto começou a ser analisado há nove anos e foi aprovado por Aloysio de Andrade Faria, presidente do Grupo Alfa.
O conglomerado que atua no mercado financeiro, agronegócio, indústria de alimentos, entre outros, em três décadas, investiu R$ 1,3 bilhão na cadeia produtiva da palma. Segundo Faria o investimento se justifica, mas ainda é pouco. “O investimento da Agropalma no projeto significa 20% de seu capital. É muito, mas não pensando no agora e sim nas próximas décadas”, afirma ele.
Segundo ele, a refinaria foi planejada para duplicar sua capacidade e é nisso que o grupo está de olho. “A Agropalma vai processar em Limeira 144 mil toneladas anuais do óleo vegetal. Em Belém, onde está a outra refinaria, são mais 110 mil”, disse.
Brito disse também que a previsão para a Agropalma é faturar R$ 750 milhões neste ano. Para 2017, a expectativa é que a nova refinaria acrescente uma receita de R$ 390 milhões, fechando o ano com R$ 1,14 bilhão.

2 Comentários
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ALEXANDRE
07/10/2016 07:56
DALCI PARANHOS MESQUITA
07/10/2016 06:59