Aumentar a produção agrícola com preservação ambiental

Setor agrícola se propõe a contribuir com a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens até 2030

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, apresentou um panorama promissor para o Brasil durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP22). O foco foi no aumento da produção agrícola mantendo a qualidade de seus produtos, reduzindo emissões de gases de efeito estufa (GEEs) na agropecuária e, ao mesmo tempo, preservando a maior biodiversidade do planeta.

Embasado no bom desempenho ambiental do setor agropecuário de hoje, Maggi acredita que o País é capaz de responder a grandes desafios mundiais apresentados pela ONU como o aumento da produção de alimentos para uma população mundial crescente, adaptação de sistemas produtivos e a mitigação dos gases de efeito estufa.

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) prevê que o setor agropecuário nacional deverá reduzir as emissões de CO2 equivalente em 0,9 gigatoneladas no período entre os anos de 2005 e 2030. Dados do Mapa, mostra que os resultados ambientais do setor agropecuário nacional devem-se, especialmente, ao Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).

Entre as metas assumidas pelo Brasil na COP21 até o ano de 2030, o setor agrícola se propôs a contribuir com a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens, aumentar em cinco milhões de hectares de sistemas ILPF e fornecer matérias primas para biocombustíveis como etanol e biodiesel que deverão responder por 18% do consumo energético nacional em 2030, de acordo com as previsões do governo. Por essas razões, o País coloca-se na Conferência como ator-chave na produção sustentável de alimentos e em produção de serviços ambientais.

Coordenado pelo ministério, o Plano preconiza práticas sustentáveis que promovem a redução de emissões e retenção de carbono como a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto na palha, o plantio de florestas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador da Plataforma ABC, Celso Manzatto, somando-se as metas voluntárias assumidas anteriormente, o Brasil se compromete a trabalhar 55,5 milhões de hectares e mais 12 milhões para recuperação e recomposição de florestas, “o que representa mais de um quarto de todas as terras usadas pela agropecuária, nenhum outro país assumiu uma proposta tão audaciosa”.

Para Manzatto, a plataforma será uma valiosa iniciativa tanto para validar os resultados alcançados pelo Brasil e, posteriormente, poder gerar dados confiáveis para uma certificação voltadas a produtos agropecuários sustentáveis, quanto ferramenta para disseminar a adoção dessas tecnologias nas mais diferentes condições produtivas do país. "A ideia é uma plataforma multi-institucional com participação ativa da iniciativa privada a qual tem interesse na abertura e consolidação de mercados e na certificação de uma produção sustentável", conta o pesquisador.

A primeira meta que deu base ao estabelecimento de ações para mitigação de efeitos das mudanças climáticas foi definida ainda na COP3, em 1997, no Japão, na forma do Protocolo de Quioto. No tratado, com mais de 170 países signatários, foi proposto um calendário no qual tais países teriam a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990, no período de 2008 a 2012.

A participação da Embrapa nos debates das COPs e de foros paralelos à Convenção tem permitido à Empresa contribuir com a discussão nacional e internacional sobre como a agricultura atuará em respeito às mudanças climáticas. Na COP 22, que começou no último dia 7 de novembro, a discussão continua na busca por definir ações que visem o "dimensionamento de impactos, o fomento de políticas públicas e o avanço no conhecimento de antever e mitigar riscos", finalizou o pesquisador.

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