COP30: executivo lista 3 desafios logísticos que estarão em pauta

A COP30 estima mais de 40 mil visitantes em Belém para debater sobre as principais ações para combater as mudanças do clima

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida como COP30, acontecerá de 10 a 21 de novembro deste ano, na cidade de Belém, PA. O encontro anual reúne líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para debater e decidir ações de enfrentamento às mudanças climáticas. Realizado pela primeira vez no Brasil, especialmente na região amazônica, o evento estima mais de 40 mil visitantes. Entre os seis eixos da Agenda de Ação da COP30 estão os setores energético, industrial e logístico.

No transporte, por exemplo, o país apresenta uma matriz desequilibrada entre os diferentes modais. Com predominância do rodoviário, que representa mais de 65% da movimentação de cargas nacionais, segundo o Plano Nacional de Logística 2025, cresce a necessidade de uma readequação estratégica e urgente do setor, capaz de promover maior competitividade e desenvolvimento econômico sustentável.

O desenvolvimento econômico e social de qualquer território depende diretamente da intensidade, densidade e qualidade da sua rede de transportes. Isto reforça a importância da multimodalidade, em que cada modal atua em conjunto, de acordo com a distância a ser percorrida.

Para Fabiano Lorenzi, CEO da Norcoast, o Brasil ainda não adequou seu modelo de transporte às suas respectivas vocações naturais. “Possuímos mais de oito mil quilômetros de costa e uma infinidade de oportunidades navegando diante dos olhos. Justamente neste cenário, a navegação costeira se apresenta como peça-chave da integração multimodal, interligando cidades e estados de forma eficiente e sustentável”, complementa.

Visando fomentar a discussão da cadeia logística ao longo do evento, o CEO listou três desafios logísticos da cadeia nacional que certamente serão debatidos na conferência. Confira:

Infraestrutura ineficiente - Estudos apontam que o Brasil investe menos da metade do que deveria em infraestrutura logística e, como resultado, o sistema tende a ser ainda mais oneroso. As projeções do ILOS apontam que, em 2024, os gastos com transporte no Brasil superaram R$ 940 bilhões, com alta de quase 7% em relação ao ano anterior.

O baixo investimento nacional em infraestrutura de transportes, aliado à falta de diretrizes estratégicas no planejamento logístico, resultam em um sistema que encarece a produção. “Limitando a produtividade e a competitividade, a infraestrutura ineficiente compromete a resiliência frente a eventos climáticos”, pontua Fabiano.

Desequilíbrio da matriz - Marcada por gargalos históricos, como excesso de dependência do transporte rodoviário, ferrovias subutilizadas e hidrovias pouco exploradas, o Brasil possui uma matriz ainda inadequada e ineficiente. Considerando as dimensões territoriais do país, o grande volume de commodities transportadas e o alto custo da manutenção do transporte rodoviário, o transporte aquaviário emerge como uma alternativa mais econômica e sustentável.

“Todos os modais são essenciais para a logística nacional. No entanto, o segredo está em utilizar cada um no momento certo e na rota adequada. Apostar na multimodalidade fortalece o princípio da complementaridade da matriz de transportes, promovendo maior equilíbrio e considerando sempre as distâncias a serem percorridas, isto é, da origem ao destino final de cada mercadoria”, destaca Lorenzi.

Altos custos operacionais - O transporte de cargas é o maior componente dos custos logísticos. Influenciado por fatores como o preço do combustível, manutenção, mão de obra e a falta de otimização de rotas, os gastos operacionais estão muito acima da média global, inclusive com um percentual do PIB que pode ser mais que o dobro do observado nos Estados Unidos, por exemplo. Isto está associado à deficiência e ao subinvestimento na infraestrutura de transportes.

De acordo com Lorenzi, os custos elevados do setor impactam na competitividade das empresas brasileiras e, sobretudo, no aumento do preço final do produto que é repassado ao consumidor, encarecendo assim diversos bens. “Enquanto não houver investimentos consistentes em infraestrutura e incentivo à multimodalidade, seguiremos reféns de um modelo caro e ineficiente. Reduzir os custos logísticos não é apenas uma demanda do setor, mas uma condição essencial para melhorar a competitividade do Brasil no cenário global”, conclui Fabiano.




Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.