Barreira logística: País sofre com altos custos logísticos gerando ineficiência para o produtor e prejuízo nas safras

Deficiência em todos os setores, falta de concorrência e principalmente escassez no setor de grãos levam produtores a deixar de produzir. “Por muito tempo produtores estavam “produzindo prejuízo” e a culpa é a falta de uma logística barata de escoamento”, apontou consultor da CNA

Um dos mais importantes pilares da economia hoje, o agronegócio gera empregos e renda para muitos estados, como Mato Grosso e Paraná, por exemplo. Porém, apesar de ser um fortalecedor da economia em muitos sentidos, as deficiências logísticas têm trazido grandes prejuízos para cadeia produtiva agrícola. De acordo com Luiz Antonio Fayet, consultor de infraestrutura e logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a brutal expansão do agronegócio brasileiro – principalmente na área de grãos – representou uma mudança da geografia da produção, gerando um déficit regional na área de terminais de contêineres.

Além disso, as novas fronteiras, explica, transportam soja rodando mais de 2 mil km, levando o custo logístico a níveis brutais. “Aqui na região sul e sudeste, nós não tivemos condições de empreender essa produção por falta de terra. Mas nós tivemos uma mudança estrutural, por exemplo, o Paraná que era o grande produtor e exportador de grãos de soja e milho hoje praticamente exporta o que recebe de fora, e a sua produção foi convertida basicamente para a cadeia das carnes de frango e suínos, na região sul”, explica, acrescentando ainda que o custo logístico brasileiro é quatro vezes maior que o dos EUA e Argentina – os grandes players no mercado internacional de exportação desses grãos.

Um trabalho realizado pela CNA junto a Aprosoja/MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso) - analisou a estimativa de perda potencial de renda da cadeia produtiva na safra de 2014. Considerando o município de Sorriso (MT), como base média, a análise mostrou que os custos logísticos nas exportações de 28 milhões/t nas rotas Santos – Paranaguá chegavam a US$ 126/t e na rota Miritituba - Belém a US$ 80/t. Um prejuízo de US$ 1,2 bi ao ano. Na opinião de Fayet a conta é simples: “estamos vivendo um apagão logístico já que temos uma logística ineficiente que não se adequa as nossas necessidades”. Ainda segundo o consultor, o grande déficit está no arco norte. “Nós tivemos um apagão e é tanto para os granéis agrícolas como para as cargas conteinerizadas. Esse apagão é quantitativo e de custos. Essa foi a grande lesão que aconteceu entre a intenção da presidente da república e o que aconteceu nas bases. É um prejuízo brutal para a economia brasileira”.

Segundo o consultor, o déficit portuário brasileiro é brutal, e lembra “em 2008, quando foi publicado o Decreto 6620, eu disse no senado que nós estaríamos decretando o apagão portuário, sofri uma série de críticas e a resposta infelizmente veio e está aí: nós estamos com um apagão portuário”. Ainda de acordo com Fayet, essa logística adequada deveria vir do chamado arco norte, “fundamentalmente da ampliação dos portos da Baia de Guajará, Belém, Santana e Santarém que somente agora estão começando a deslanchar”.

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