Coluna do Barreto em retrospectiva

Leandro Barreto completa meio ano de parceria com o Guia Marítimo e, para comemorar, selecionamos as frases de seus artigos que melhor refletem o período para o setor

Com o artigo publicado na semana passada, o colunista Leandro Barreto completou meio ano de parceria com o Guia Marítimo, a qual comemoramos com uma série histórica de frases e comentários, no estilo “melhores momentos”. Convidamos o leitor a fazer uma retrospectiva desses meses de duras batalhas do setor de comércio exterior, transportes e logística, em um cenário de crise e estagnação, com perspectivas nada favoráveis – exceto por algumas luzes que nos acenam ao fim do túnel.

"O problema é que, como o Brasil não aproveitou as 'vacas magras' para resolver os problemas de infraestrutura – período entre 2007 e 2014, quando o câmbio girou em torno de R$ 2 por dólar –, enfrentaremos um cenário de bastante pressão sobre as condições dos acessos aos portos. Um assunto para tratarmos nas próximas semanas."

Novembro, 2015, sobre os dados da balança comercial brasileira.

"Justiça seja feita: muitos investimentos estão sendo realizados no chamado "Arco Norte" para viabilizar o escoamento de grãos pelos portos do norte/nordeste do Brasil, e os primeiros resultados inclusive já começam a aparecer nas estatísticas. São Luiz, por exemplo, chegou a um crescimento de 98% nos embarques de grãos vindos por ferrovia do centro-oeste até o recém-inaugurado Tegram e Barcarena, o crescimento foi de 123% nos embarques de grãos vindos em sua maioria de Mato Grosso via Miritituba pela hidrovia do Tapajós/Amazonas. Porém o fato é que 50% dos embarques de grãos brasileiros ainda é feito por Santos e Paranaguá."

Novembro, 2015, sobre a posição dos portos brasileiros no ranking mundial

"Só nos resta torcer para que o Governo tenha sensibilidade, serenidade e humildade para, rapidamente, reavaliar os próximos editais, com base no morno resultado do tão aguardado leilão da última semana, a fim de atrair mais propostas e lances para os que virão."

Dezembro, 2015, sobre os resultados aquém do esperado para o leilão de portos, que levou à concessão de três áreas em Santos, e ao reagendamento do certame para outra área em Vila do Conde por falta de interessados.

"Foi frustrante ver que o Governo estipulou em mais 5 anos os prazos tanto para simplificar os processos de Cabotagem quanto para fazer o Porto sem Papel funcionar de fato em todo o território nacional."

Janeiro, 2016, sobre a segunda edição do PLNP (Programa de Investimentos em Logística), lançada pelo governo durante as festas de fim de ano.

Evidentemente, os armadores já perceberam que as taxas de crescimento do transporte de containers não mais sustentarão os mesmos índices que marcaram o fim dos anos 90 e início dos anos 2000, quando o mundo passava por um processo de globalização, e ainda existiam muitas commodities a serem containerizadas. (...) O mais plausível, todavia, é que as mega-alianças continuem a se proliferar – e que reúnam cada vez mais armadores, embora também exista o risco de que armadores menores não resistiam e de que o mercado se torne cada vez mais concentrado.

Janeiro, 2016, sobre a estagnação do crescimento do transporte em containers.

"Há muita discussão mundo afora se os exportadores e terminais estão preparados para implementar o VGM a partir da data estabelecida (...). Nesse quesito, o Brasil parece estar à frente de muitos países, uma vez que, aqui, a maioria dos terminais de containers já efetuam regularmente a pesagem. Há, porém, questões ainda mal resolvidas para que se possa assegurar que 100% dos containers sejam pesados, tais como: um caminhão que entrar com um container cheio no terminal não poderá aproveitar para retirar uma unidade vazia ou de importação, pois não seria possível aferir sua própria tara para obter o peso bruto do container de exportação depositado. Outras dificuldades seriam com os caminhões bi-trem, que precisariam passar pela balança com um container de cada vez ou, ainda, chassis carregados com duas unidades de 20 pés."

Janeiro, 2016, sobre a implantação da nova regra VGM


"Tendo em vista que ainda existem muitos meganavios previstos para deixar os estaleiros nos próximos anos, e que o Instituto ILOS estima que, para cada container transportado hoje via cabotagem no Brasil, existem outros seis que poderiam migrar dos caminhões para os navios, há uma clara tendência de que a cabotagem brasileira continue se desenvolvendo bastante nos próximos anos."

Fevereiro, 2016, sobre a entrada dos meganavios nas rotas marítimas.

"Trata-se de uma ferramenta fantástica e que proporciona análises muito importantes para os diversos players desse setor, mas, tendo em vista que muitas vezes são utilizadas para direcionar decisões que envolvem milhões ou bilhões de Reais, exigem que o usuário tenha bastante entendimento quanto aos conceitos e limitações por trás dos dados."

Fevereiro, 2016, sobre o Anuário da ANTAq

"Não é correto afirmar que, em 2015, o volume das exportações brasileiras para a China tenha sido impactado pela desaceleração do ritmo de crescimento do PIB daquele país e, tampouco, que essa seja a perspectiva para os próximos anos. Pelo contrário: ainda que o acesso às informações chinesas não seja o ideal, aparentemente o plano é mudar a matriz de crescimento, que, por muitos anos, foi puxada pelos investimentos em infraestrutura, para o aumento do consumo da população. O cenário pode ser excelente para o Brasil (exceto para a mineradoras, claro). Ou seja: continuamos precisando muito investir em portos capazes de escoar competitivamente grãos, celulose, açúcar e containers."

Março, 2016, sobre as teorias do impacto da desaceleração da economia chinesa sobre o Brasil.

"Enquanto, nas concessões, o vencedor do certame normalmente recebe em contrapartida uma estrutura básica de um terminal portuário (ex.: cais, pátio, armazéns) e pode começar a operar em um curto espaço de tempo após alguns investimentos, empresas que optam pelo TUP precisam de muito capital para construir tudo do início. No Brasil, essas empresas levam, em média, de sete a dez anos desde a solicitação das primeiras licenças até entrarem em operação. Isso tudo torna o leilão da próxima quarta-feira ainda mais peculiar, já que todos os seis lotes, ainda que em área pública, podem ser considerados projetos greenfield , e demandarão a construção – desde o início – de toda a infraestrutura portuária. Além disso, há o fato de que, após o fim do período da concessão, essas áreas serão transferidas ao Estado."

Março, 2016, conjecturas sobre os motivos mais prováveis para o cancelamento dos leilões portuários da região norte.

"Com cada vez menos escalas semanais de navios cada vez maiores, a concorrência entre terminais portuários no Brasil e no mundo tem se acirrado. Se por um lado o armador reduz o seu custo unitário a medida que ganha escala, os terminais portuários estão tendo que investir grandes quantias para adequar o tamanho/alcance de seus guindastes, o comprimento/resistência de seus berços, no calado e na expansão dos pátios, de maneira a tornar possível operar mais contêineres em um período menor. O problema é que, dada a concorrência em alguns portos, normalmente esses terminais acabam operando com 'picos e vales' de carga e isso tem se tornado uma combinação dramática, principalmente para os pequenos terminais;"

Abril, 2016, sobre os principais assuntos a serem discutidos na Intermodal, como os efeitos colaterais da entrada dos meganavios no mercado.

"Embora o Porto de Santos seja reconhecido como o principal porto do Atlântico Sul, a classificação está relacionada ao valor FOB das transações e à diversidade de mercadorias movimentadas já que, em termos de volume de carga, Santos está atrás de Vitória-ES, Itaqui-MA e Sepetiba-RJ - portos essencialmente dedicados às operações de minérios e que possui baixo valor agregado."

Abril, 2016, em análise aos dados do anuário da Codesp.

"Não sou nenhum grande expert em acessos terrestres, mas penso que seja um tanto quanto óbvio que uma expansão ordenada da utilização das atuais ferrovias na movimentação dos containers (de longe, o maior responsável pela quantidade de caminhões transitando pela Baixada Santista) – que inclua planejamento, expansão de pátios de manobra e resolução dos conflitos entre os operadores – poderia minimizar ou até, em médio prazo, afastar a necessidades de novas estradas e ferrovias de acesso à Baixada."

Abril, 2016, em continuação à análise feita ao anuário da Codesp.


A equipe do Grupo Guia, em nome dos leitores que continuamente vêm enviando comentários e feedbacks às contribuições de Leandro Barreto, agradece a parceria e espera ansiosa pelos próximos artigos que virão, sempre às terças, para enriquecer o noticiário diário do Guia Marítimo. 


2 Comentários

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    Diego Machado

    10/05/2016 08:32

    Excelente visão e comentários muito pertinentes e totalmente aderentes a realidade do setor (logística e infraestrutura), bem como uma análise bem embasada sobre a conjuntura econômica doméstica e internacional. Parabéns pela parceria de sucesso.

  • L
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    Luis Cabrita

    10/05/2016 05:53

    Recomendo a leitura.
    Sempre informativo, certeiro e pertinente.


    Sds,
    Luis Cabrita