O comércio está desabando no melhor e pior dos mundos

Com exportações em rápida ascensão e importações colapsando, Brasil precisa se abrir para o comércio exterior

É o melhor e o pior dos tempos para o Brasil, segundo aponta o Relatório de Comércio da Maersk Line. Com as exportações em rápida ascensão e as importações colapsando, a tendência é que o Brasil se torne um país mais exportador do que importador, aponta o relatório. De acordo com João Momesso, Diretor de Trade da Maersk Line no Brasil, do ponto de vista dos armadores, hoje as operações são realizadas com prejuízo. “Pelos nossos números e os números do mercado que nós divulgamos, o volume da exportação caiu muito e o frete também. Então todos os armadores hoje estão operando com prejuízo e a gente precisa que algo seja feito para melhorar essa situação”.

Como na “crise” sempre é possível ver oportunidade, Momesso aponta as exportações como ponto positivo, já que o mercado continua em crescimento “seja pelo processo de conteinerização, seja pela desvalorização do real ou porque alguns mercados se abriram mais para a gente”. Entre eles, o executivo cita como exemplo o mercado de carga refrigerada, um nicho que a companhia é muito forte mundialmente, tanto que acabou de adquirir 30 mil novos contêineres para garantir aos seus clientes mais contêineres para exportação. “Falando de um mercado específico, a China, se abriu muito para a exportação da nossa pauta de proteína. A gente viu os números crescendo mais de 100% em volume. Então olhamos para esse mercado de exportação reefer em geral com bastante otimismo”, disse.

No segmento de cargas secas, Momesso também apontou o nicho com boas tendências de crescimento, porém ressaltou que a queda nas importações esbarra no fato da falta de contêiner no Brasil. “Isso faz com que a carga que tradicionalmente era precificada como frete de retorno – que era para levar esse contêiner de volta para a Ásia, por exemplo – tenha que ser precificada de uma nova maneira”.

Dessa forma, explica, os armadores são obrigados a trazer contêineres vazios de outras regiões, o que encarece muito mais o custo. “Junto com isso, dado que a importação teve uma queda de 85% no valor de frete nos últimos doze meses, ela não está mais pagando a conta, o que faz com que para que seja sustentável no médio prazo os armadores tenham que aumentar o frete da importação”, aponta.

No relatório produzido pela gigante dinamarquesa, aponta que a transição dificilmente será fácil em um cenário com tantos obstáculos para o país e para a indústria enquanto a menor tarifa de frete para contêineres de todos os tempos pode começar a limitar o crescimento econômico do Brasil no lado das exportações.

“O crescimento das exportações brasileiras está ameaçado já que há limites relativos à quantidade de armadores preparados para operarem com prejuízo seus serviços de entrada no país, uma vez que as tarifas de frete são as mais baixas de todos os tempos”, diz o Diretor Superintendente da Maersk Line no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, Antonio Dominguez.

Para ele, o Brasil precisa olhar para novos mercados, buscar novos acordos comerciais e se abrir para o comercio exterior. “Agora com a queda do real, existe a oportunidade de se abrir para mercados que no passado não podia e se o País deixar passar esse momento vai perder essa oportunidade”. E alerta: “O Brasil tem que se abrir para o comércio exterior, tem que buscar rotas para fechar novos acordos com países do mundo inteiro. É preciso olhar para outros destinos”, disse, citando como exemplos países como Argentina e Chile que já estão procurando entrar em outros mercados. “O Brasil tem que fazer o mesmo”, ressalta.

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