"Ordem e Progresso”

Mais do que construir o futuro, a missão da equipe de Temer é trazer o Brasil do passado para o presente. Mas como?

Reforma parece ser a palavra chave do governo Temer, que entre os slogans escolhidos para fazer sua história foi "Ordem e Progresso", diferente do "Brasil, Pátria Educadora" escolhido por Dilma Rousseff. Tal slogan parece até um eufemismo do que realmente a administração pós-Dilma têm à frente até 1º de janeiro de 2019: melhora no ambiente de negócios, maior competitividade para as empresas brasileiras, mudanças nos regimes trabalhista, previdenciário e tributário para reduzir o custo da produção das empresas e alavancar o mercado externo, mais acordos comerciais, menos burocracia e mais oportunidades são apenas alguns dos tópicos que precisam ser mudados.

O setor industrial no Brasil é outro que não está só menor e menos competitivo, mas também mais desnacionalizado. Apontou o economista, Marcos Troyjo, em recente artigo. Lembrando ainda que no âmbito comercial, o país necessita turbinar as exportações para compensar um momento de particular desaquecimento do mercado interno. “Ele se vê forçado a perseguir o aumento da fatia que o comércio exterior ocupa em seu PIB num contexto em que o mundo não se encontra especialmente ‘aberto para negócios’", disse.

Em meio a esse cenário, a dependência do Brasil do Mercosul parece ser outro fator que precisa ser mudado. Como comentado na última quarta-feira, (24), no Guia Marítimo News pelo presidente da Fiorde Logística Internacional Milton Lourenço. (Leia no Guia)

Até mesmo o secretário executivo do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Ivan Ramalho, afirmou que o Brasil precisa diversificar a sua pauta de exportações e "ser menos dependente do Mercosul". "A indústria ainda é muito dependente, por isso defendo um esforço de promoção para diversificarmos a pauta e sermos menos dependentes do Mercosul do que somos hoje".

Troyjo concorda e ressalta que o Brasil tem de buscar sua promoção comercial justamente no instante em que as negociações multilaterais andam de lado, e cita que blocos como a União Europeia e o Mercosul encontram-se em crise existencial e retórica. No quesito mudanças, algumas entidades já têm trabalhado na cobrança, como é o caso da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que se reuniu com o presidente da República em exercício a fim de pedir mudanças.

Robson Braga, presidente da confederação, também se reuniu com Temer também no mês de julho, defendendo que o Brasil deveria "estar aberto a mudanças" na legislação trabalhista para enfrentar a crise econômica, citou como exemplo a França, onde o governo adotou uma reforma trabalhista que permite, entre outras medidas, que empresas negociem com empregados o aumento da jornada para até 60 horas semanais, em casos excepcionais. Ele também defendeu junto a Temer que o Brasil adote uma política industrial "coerente e adequada".

Segundo o lema do atual presidente interino, mais do que construir o futuro, a missão de sua equipe é trazer o Brasil do passado para o presente. O fato é que o tempo é curto para mostrar resultados e a necessidade do Brasil é grande por implementação de reformas e mais do que isso, existe fome de “vontade política”, mesmo diante de um cenário como esse.

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