Brado e Rumo inauguram transporte de contêineres na Ferrovia Norte-Sul

Na última semana, um marco histórico na infraestrutura brasileira foi alcançado com a chegada do primeiro trem da Ferrovia Norte-Sul em Anápolis, Goiás. O trem, composto por 58 vagões da Brado, tracionados por locomotivas da Rumo, completou uma jornada de 1.511 km em um teste de comissionamento, partindo de Cubatão, São Paulo, na Malha Paulista, e levando três dias para concluir o trajeto. Este evento simboliza a retomada de um projeto que teve início há quatro décadas e foi finalmente concluído em 2023.

No primeiro trem, 58 vagões transportavam 112 contêineres de 40 pés, incluindo 32 contêineres carregados com insumos industriais e defensivos agrícolas originários da China, Estados Unidos e Europa. Os outros 80 vagões seguiram vazios, destinados aos clientes de exportação no fluxo Anápolis-Santos e para criar um depósito estratégico no Porto Seco de Anápolis, que é fundamental para garantir recursos para futuras operações.

"Este é um momento histórico para a infraestrutura brasileira, uma rota há muito esperada que impulsionará o crescimento da região. Estamos orgulhosos de participar deste evento único, fornecendo uma solução multimodal de transporte de contêineres que permite o transporte de diversas cargas por ferrovia", declarou Marcelo Saraiva, CEO da Brado.

Guilherme Penin, vice-presidente de Expansão e Regulação da Rumo, enfatizou que o transporte de contêineres por ferrovia traz novas oportunidades econômicas para as áreas atendidas por esse serviço. "A ferrovia é um catalisador do desenvolvimento. A chegada dos trilhos aos principais polos agrícolas e industriais de Goiás e Tocantins impulsiona a criação de empregos e fortalece as atividades econômicas locais", ressaltou.

Everaldo Fiatkoski, diretor de operações do Grupo Porto Seco Centro-Oeste, realçou o potencial do Porto Seco de Anápolis como o único terminal de contêineres no estado. "O novo Terminal de Contêineres do Porto Seco é resultado da experiência acumulada ao longo de duas décadas, ampliando a capacidade logística, reduzindo os custos operacionais e, consequentemente, atraindo novos interessados na integração entre rodovias e ferrovias", afirmou.

A primeira viagem de retorno transportará pluma de algodão da safra recém-iniciada na Bahia para o Porto de Santos, onde será exportada. A abordagem multimodal da Brado combina o transporte ferroviário em distâncias longas com o transporte rodoviário em trechos mais curtos. Ao contrário dos vagões tradicionais, os contêineres oferecem a flexibilidade de acomodar uma ampla variedade de cargas, desde produtos agropecuários até produtos industrializados.

A partir do Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis, a ferrovia atenderá os mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos em contêineres, além de proteínas bovinas por meio de contêineres reefer (refrigerados). Atualmente, esses mercados já movimentam cerca de 45 mil contêineres por ano, com mais de 65% deles direcionados ao Porto de Santos.

No sentido oposto, a ferrovia captará os mercados de importação de insumos que abastecem as indústrias e o agronegócio de Goiás, além de bens de consumo distribuídos para as populações de Goiás, Distrito Federal, sul do Tocantins e Minas Gerais. Entre as importações destacam-se agroquímicos, peças de máquinas, peças automotivas, equipamentos e plásticos, totalizando mais de 16,5 mil contêineres anualmente.

Uma das grandes vantagens dessa solução multimodal é a sustentabilidade. A rota de Goiás projetada pela Brado tem potencial para evitar a emissão de 160 mil toneladas de CO2 nos próximos 5 anos, equivalente à emissão de mais de 34,5 mil veículos. Isso seria equivalente ao plantio de 1,1 milhão de árvores para absorver integralmente essa emissão.

Outro aspecto valioso dessa operação é a segurança nas estradas, pois reduz as distâncias percorridas pelos caminhões. Os motoristas também se beneficiam ao percorrer trechos mais curtos, o que resulta em uma redução no número de acidentes rodoviários. Além disso, a solução multimodal proporciona regularidade, eficiência operacional e competitividade, especialmente em trajetos de longa distância.

Este é um projeto de grande envergadura. Desde que assumiu a concessão da Malha Central, a Rumo já investiu R$ 4 bilhões em infraestrutura, terminais e material rodante nas regiões central e sul da Ferrovia Norte-Sul, gerando 5 mil empregos para a realização das obras e operações nos terminais. A Ferrovia Norte-Sul, com 1.527 km de extensão entre Estrela D´Oeste, São Paulo, e Porto Nacional, Tocantins, abrange quatro das cinco regiões do Brasil (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste), representando um importante marco no desenvolvimento logístico do país.

Nesses quatro anos, a concessionária inaugurou três terminais, construiu quatro pontes interligando Goiás, São Paulo e Minas Gerais, além de estabelecer um pátio de conexão entre as Malhas Central e Paulista em Estrela D´Oeste, criando um corredor estratégico até o Porto de Santos, o principal hub portuário da América do Sul, concentrando a exportação de commodities agrícolas para o mundo.


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