O que ‘fecha’ o ciclo do processo logístico?

Logística reversa evidencia o efeito da responsabilidade que deve ser assumida pelo fabricante e partilhada com fornecedores e prestadores de serviço

Ainda que de forma não tão destacada, a chamada logística reversa – se considerarmos o processo “macro” da cadeia de abastecimento como “entregas e devoluções” – é a que "fecha" o ciclo do processo logístico.

De acordo com Jorge Serrano Pinto, especialista em logística da divisão de aplicativos da empresa integradora Sonda IT, é fácil observar que ambas são partes do mesmo processo global. “Diria que são duas metades do processo completo. Porém, e aqui é onde o tema se torna mais interessante, uma tem sido mais metade do que a outra”.

Política inserida na Lei nº 12.305/2010 da Política Nacional de Resíduos Sólidos-PNRS, que, segundo especialistas, ainda está longe de alcançar os seus objetivos, é a Logística Reversa que evidencia o efeito da responsabilidade que deve ser assumida pelo fabricante e partilhada com fornecedores e prestadores de serviço, que carece também de muitos entendimentos e acordos setoriais.

Para Serrano Pinto, em uma operação tradicional, a ‘metade maior’, ou seja, a da entrega/envio sempre foi vista como mais importante do que a da devolução/recebimento. Já que a primeira acaba por chamar mais a atenção de toda a organização: “primeiro, é o escoamento dos produtos armazenados (razão principal para quem produz, por exemplo); segundo, são fluxos financeiro positivos, vendas (proveitos para a empresa, se tudo estiver funcionando normalmente)”, explica.

Segundo ele, a outra metade, a ‘metade menor’, é o inverso: “tipicamente trata-se de recebimento de produto devolvido pelo cliente (por diversos motivos), com custos associados (transporte, estocagem – se for o caso –, manipulação, rearmazenamento etc), desencadeando todo o processo de reenvio do produto correto”.

Nos aspectos bons e ruins, Serrano Pinto, aponta do ponto de vista financeiro e operacional, duas partes: “ruim, porque na sua origem está um erro, e que diz respeito aos produtos devolvidos pelos clientes, por questões de qualidade, quantidade, tipo de produto, entre outros. E a boa, no que diz respeito a reciclagem, reutilização ou, até mesmo, aspectos como questões de garantia, no qual se enquadra o conserto de produtos defeituosos”.

Porém, ele destaca a necessidade de um bom software de logística, destacando ainda um fator importante: estar alinhado com a realidade. “Ele deve perseguir o fato de ajudar as empresas a diminuir a ‘parte ruim’ e ajudar a tirar partido da ‘parte boa’ da logística reversa. Porque, sendo a logística um todo, é necessário planejar, executar e controlar, de forma eficiente e eficaz, ambas as ‘metades’, ou seja, tanto o fluxo direto como o reverso”, finaliza.

Sustentabilidade

Vale ressaltar que a implantação do sistema de logística reversa é mais um elemento rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta, pois possibilita a reutilização e redução no consumo de matérias-primas.

Entre os benefícios, estão:

  • Possibilidade do retorno de resíduos sólidos para as empresas de origem, evitando que eles possam poluir ou contaminar o meio ambiente (solo, rios, mares, florestas, etc.). 
  • Economia nos processos produtivos das empresas, uma vez que estes resíduos entram novamente na cadeia produtiva, diminuindo o consumo de matérias-primas;
  • Criação de um sistema de responsabilidade compartilhada para o destino dos resíduos sólidos.
  • Governos, empresas e consumidores passam a ser responsáveis pela coleta seletiva, separação, descarte e destino dos resíduos sólidos (principalmente recicláveis);
  • As industrias passarão a usar tecnologias mais limpas e, para facilitar a reutilização, criarão embalagens e produtos que sejam mais facilmente reciclados;



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