Reforma tributária vai redefinir a logística da indústria farmacêutica, aponta diretor da Temp Log

Fim dos benefícios fiscais entre estados impõe uma virada de chave na cadeia de distribuição e precificação dos medicamentos no Brasil.

A reforma tributária em curso no Brasil deve provocar uma transformação profunda na cadeia logística da indústria farmacêutica, avalia Ricardo Canteras, diretor Comercial e de Tecnologia da Temp Log, única operadora de cadeia fria do segmento no país especializada em produtos para medicina estética.

Para ele, a principal mudança não está apenas nos tributos, mas na mentalidade das empresas, que terão de revisar completamente suas estratégias de distribuição.

Atualmente, o planejamento logístico é estruturado a partir de incentivos fiscais estaduais. Com o fim desses benefícios, a eficiência passa a ser o fator determinante: menor prazo, menor custo e maior proximidade. “Essa mudança traz segurança jurídica para decisões de investimento, porque tira das mãos dos governos estaduais a incerteza de decretos que, do dia para a noite, alteram regras fiscais. Agora, a base é eficiência real, não fiscal”, avalia Canteras.

Segundo ele, custos logísticos devem subir no curto prazo, principalmente em transporte e armazenagem. Para lidar com esse cenário, defende uma abordagem colaborativa entre prestadores de serviço e indústria: “A transparência será essencial. Mesmo que haja aumento de 2% ou 3% nos custos, podemos equilibrar isso com estratégias como redução de quilometragem, readequação de centros de distribuição e maior controle de rotas.”

Outro impacto importante será na precificação dos medicamentos, que deixará de ser fragmentada entre tributos “por dentro” e “por fora”, tornando os cálculos mais claros e justos.

Para Canteras, o processo exige um planejamento conjunto entre diferentes áreas da empresa, como logística, comercial, tecnologia e tributária: “A reforma é estrutural. Exige que as companhias olhem a operação como um todo, do fabricante ao consumidor final. Vai ser preciso mais sinergia e precisão para manter a competitividade.”


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