Amazon pretende complementar, e não concorrer

Jeff Bezos garante que o flerte da companhia com a logística é apenas para suprir a demanda

O CEO da Amazon, Jeff Bezos, sugeriu publicamente que talvez seja a hora acabarem os rumores sobre a intenção da gigante do varejo Amazon em concorrer com empresas de entrega expressa, como FedEx e UPS (Leia no Guia).

As notícias surgiram em janeiro, a partir de uma informação confirmada de que uma das subsidiárias da Amazon havia se registrado como NVOCC de capital estrangeiro junto à FMC (Federal Maritime Commission), uma jogada que basicamente garantiria à empresa a possibilidade, pelo menos no papel, de oferecer serviços de transporte marítimo de cargas para terceiros.

Em seguida, durante a Divulgação do relatório annual da companhia à autoridade americana de controle de negócios estrangeiros, U.S. Securities and Exchange Commission, pela primeira vez a Amazon referiu-se a si mesma como um “prestador de serviços de transporte”, o que aumentou ainda mais as especulações.

Em março, outra subsidiária, Amazon Fulfillment Services, fechou um acordo com a Air Transort Services Group para leasing de 20 aeronaves cargueiras Boeing 767, para operar carga aérea em atendimento à demanda comercial da empresa nos Estados Unidos (Leia no Guia).

Jeff Bezos afirmou, no entanto, durante uma entrevista realizada na Code Conference, na Califórnia (EUA) que, embora claramente em expansão de sua capacidade logística, no entanto, a Amazon vem gastando mais com as parceiras de entrega expressa, como a UPS e o U.S. Postal Service. E acrescentou ainda que a Amazon não tem intenção de assumir a ramifcação das entregas, a chamada last-mile, mas sim complementá-la pesadamente. Segundo Bezos, a questão é que transportadores como UPS e USPS simplesmente não possuem a capacidade suficiente para assumir todos os volumes comercializados pela Amazon, especialmente durante períodos de pico.

“A questão, portanto, – e isso também aconteceu antes no Reino Unido – é que a Royal Mail ficou sem capacidade de atender à demanda na época de pico”, disse ele. “Então precisamos planejar, como qualquer outra empresa precisaria. Temos que ter capacidade, não apenas para a carga média, mas para o pico, e para os países que têm épocas de festas com vendas intensificadas, o que é a maioria, ou seja: sempre há uma previsão de chegarmos a um grande pico de vendas, seja qual for a época de comemorações de cada determinado país”.

Nos Estados Unidos e no Reino Unido, no entanto, Bezos afirmou que a capilaridade das entregas “last mile” terceirizadas não tem sido um grande problema, e a Amazon não tem usado caminhões próprios em metade das entregas.

Ao ser questionado se a empresa estaria pressionando a FedEx por preços, brincou dizendo que a empresa obviamente procura melhores preços, porém reafirmou que não seria essa a intenção das operações logísticas da Amazon: “o que estou dizendo, na verdade é que fomos levados a complementar a capacidade deles”.

E reforçou: “não estamos fazendo cortes, ao contrário, estamos aumentando os nossos negócios com a UPS, com o U.S. Postal Service, e ainda precisamos complementar – e já antecipo que assim vamos continuar por algum tempo, enquanto vocês continuarem comprando...”

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