Porto de Tubarão recebe primeiro navio mineraleiro com velas rotativas

Projeto liderado pela Vale, a instalação da tecnologia melhora eficiência e reduz emissão de carbono

O primeiro navio mineraleiro de grande porte do mundo equipado com sistema de velas rotativas (rotor sails), atracou no Porto de Tubarão, em Vitória (ES) na madrugada desta quarta-feira (28/7). O navio Sea Zhoushan é um Guaibamax, da categoria VLOC (Very Large Ore Carrier), com capacidade de 325 mil toneladas.

Essa será a primeira operação do navio, que saiu de um estaleiro na China e voltará para o mesmo país carregado com minério de ferro. Ao longo do projeto, foram realizadas modelagens 3D dos portos de carregamento operados pela Vale para analisar a atracação do navio. “O navio foi projetado para atracar em qualquer porto. Não há nenhuma interferência das velas no carregamento, já que elas ficam reclinadas durante a atracação. Tubarão foi escolhido para ser o primeiro pois as equipes de engenharia náutica, inspetoria e operação locais tiveram papel fundamental durante todo o processo de testes e estão colaborando agora com ajustes finos no sistema”, explica o gerente-executivo de Navegação da Vale, Guilherme Brega.

São cinco velas instaladas ao longo da embarcação que permitirão um ganho de eficiência de até 8% e uma consequente redução de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por navio por ano. Caso o piloto mostre-se eficiente, estima-se que pelo menos 40% da frota esteja apta a usar a tecnologia, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.

A instalação da tecnologia, fornecida pelo fabricante finlandês Norsepower, é um projeto liderado pela Vale, que contou com a parceria do armador coreano Pan Ocean para instalação em um de seus VLOCs a serviço da Vale. A empresa Shanghai Ship and Design Research Institute (SDARI) foi responsável pelo design e integração da vela com a embarcação. O estaleiro chinês New Times Shipbuilding construiu o navio já adaptado para receber as velas, que foram instaladas em outro estaleiro, o PaxOcean Engineering Zhoushan, também na China.

A Vale tem estudos sobre o uso da tecnologia de propulsão a vento desde 2016. Com o programa Ecoshipping, a empresa desenvolveu diversas parcerias de cooperação com o ITV (Instituto Tecnológico Vale), universidades e laboratórios no Brasil e Europa. Para este projeto o objetivo era avaliar as melhores condições de operação das velas rotativas na frota contratada e validar os ganhos da tecnologia em termos de redução do consumo de combustível e emissão de CO2.

A operação do primeiro mineraleiro equipado com velas rotativas faz parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).

Além disso, a Vale vem se preparando para a adoção de combustíveis alternativos. Dezenas de VLOCs de segunda geração já em operação foram projetados para futura instalação de sistema de gás natural liquefeito (GNL), incluindo um compartimento sob o convés para receber um tanque com capacidade para toda a viagem. O programa Ecoshipping está desenvolvendo um tanque multi-combustível, capaz de armazenar e consumir, no futuro, não só gás natural liquefeito (GNL), como também metanol e amônia.

A adoção de tecnologias de eficiência energética como as velas rotativas e o air lubrication diminuirá a demanda de combustível por navio e facilitará a adoção de combustíveis de baixo carbono. Um estudo preliminar para os navios da categoria do Guaibamax estima que a redução de emissões pode variar entre 40% a 80% quando movidas a metanol e amônia, ou em até 23% no caso do GNL.



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