Vazamentos de GNL podem neutralizar as iniciativas antipoluição

Enquanto as preocupações se voltam contra a emissão de CO2, o vazamento do metano durante a queima do gás natural pode gerar impacto até 10 vezes maior do que o produto líquido

Pesquisas recentes revelaram que os vazamentos de metano que ocorrem durante as operações com o GNL (Gás Natural Liquefeito) podem não apenas diminuir paulatinamente os benefícios do uso do gás natural, que permite uma queima mais limpa, como também incorrer em mais custos para os armadores. O estudo foi realizado pela Universidade de Delaware e publicado na semana passada pela US Maritime Administration, com divulgação da IHS Fairplay, explicando que os vazamentos de metano durante o abastecimento do navio são uma fonte potencialmente ainda maior para o efeito estufa do que a própria emissão de metano antes da queima – que ocorre na combustão do motor.

A pesquisa quantifica que cerca de 1% de vazamento do gás durante a combustão, por exemplo, gera cerca de 10% de aumento das emissões de GHG líquido. Além disso, a mesma quantidade desperdiçada chega a custar aos armadores uma média de US$ 840 por viagem, dependendo do preço do gás natural.

“Vazamentos de qualquer natureza durante o abastecimento e combustão devem ser abordados com bastante cuidado no planejamento operacional e de infraestrutura, e as taxas de vazamento requerem testes aprofundados com base nos procedimentos atuais de bunkering”, alerta o relatório.

Embora tanto o metano quanto o dióxido de carbono (CO2) produzam emissões que agravam o efeito estufa, o CO2 é hoje uma preocupação maior aos olhos das autoridades regulatórias e armadores, por representarem uma parcela maior sobre a poluição geral. Esta foi, inclusive, a recomendação da presidente da Câmara de Navegação Americana (CSA), Kathy Metcalf, que vai representar a organização no comitê de proteção ambiental da IMO em abril: "vamos procurar não nos aprofundar nas questões relativas ao impacto do metano no bunkering do GNL neste momento, uma vez que o nosso foco são as emissões de carbono”, disse ela à IHS Fairplay.

Durante a reunião do comitê, serão discutidas as questões relativas à emissão de carbono segundo o mecanismo de análise Cap , e haverá uma compilação global de dados para avaliar o consumo de combustível de navios acima de 5.000 toneladas brutas, de modo a gerar insumos para a análise de sua eficiência energética. 

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.