Retirada dos EUA da Nafta seria "desastrosa"
Representante de associação de abacate mexicano aponta que ação prejudicaria ambos os países
O presidente eleito Trump tem sido muito crítico em relação ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), descrevendo-o como "o pior acordo de comércio já feito" e ainda se comprometeu a renegociar ou retirar o país do acordo. O NAFTA que inclui Canadá, Estados Unidos e México, tem sido um grande benefício para a indústria de abacate mexicano, tendo ajudado a impulsionar as exportações nos últimos anos.
Porém com a presidência de Trump esse cenário pode estar prestes a desmoronar. De acordo com Ramón Paz, diretor de abacates da Associação de Produtores e Exportadores e Empacotadores do México (APEAM), disse que aindústria de abacate está "preocupada" com o resultado das eleições e com as possíveis consequências da nova presidência. “Esperamos que todas as promessas de campanha não sejam cumpridas”, disse.
Uma das campanhas mais impopulares no México, o presidente eleito chegou a atacar verbalmente imigrantes mexicanos em sua campanha, além de realizar ameaças a seus acordos comerciais e promessas reiteradas de isolar o país atrás de um imenso muro fronteiriço que, como ele diz insistentemente, “o México irá pagar”.
Porém Paz não acredita que isso irá acontecer. “Não acho provável que os Estados Unidos abandonem totalmente o acordo de comércio regional, mas alguns elementos específicos seriam renegociados”, apontou.
Na tentativa constante de sufocar a indústria local, isolar o país e deportar milhões de pessoas, Paz ressaltou, porém, estar preocupado com o discurso protecionista e enti-mexicano de Trump, e afirmou: “Esperamos que agora que vai governar, as decisões sejam diferentes das apresentadas durante a campanha. Esperamos que seja mais racional e objetiva".
Ele ressaltou ainda que o México é um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, “vendemos coisas e compramos muitas coisas deles, então as consequências do cancelamento com o NAFTA seria desastroso para ambos os países". Na opinião do diretor de abacates da Associação, os EUA vão tentar renegociar alguns aspectos de maior interesse para eles, “e espero que para o abacate as coisas permaneçam como estão", salientou.
Sem esquecer o papel importante desempenhado pelo México na oferta de abacates para o mercado dos EUA, Paz destacou que os consumidores norte-americanos teriam de enfrentar aumentos significativos dos preços, se fossem impostas tarifas de importação. Como outro pilar da eleição presidencial dos EUA, Paz disse que as restrições ao comércio iriam aumentar os níveis de imigração no país latino-americano.
"Com as exportações de abacate, agora existem 70.000 empregos diretos no estado de Michoacan, 300.000 empregos indiretos e cerca de 18.000 pequenos agricultores com menos de 5 hectares - pessoas que vivem honradamente", disse, acrescentando que se as importações de abacate mexicano forem restritas, é possível até causar mais imigração e não menos.
Outro fator prejudicial são as barreiras comerciais, que também podem fazer o México desviar muito o seu volume de abacate para outras regiões. Paz salienta, porém, que país tem vários mercados, servindo principalmente os Estados Unidos por causa de seu valor e da proximidade. “Mas o mercado mexicano é muito grande e tem acesso para a Europa, China, Japão, Canadá e América do Sul, para que possamos vender para outros lugares, mas não necessariamente o mesmo preço que temos nos Estados Unidos ", disse ele.
Outra observação feita pelo diretor de abacates da Associação, é que os principais exportadores de abacate do México tinham uma afiliação financeira com empresas americanas, por isso qualquer limitação comercial pelo governo afeta os investidores no país. No momento, Paz disse que a indústria estava prestando muita atenção nos acontecimentos políticos ao norte da fronteira, e esperava que os benefícios do setor em ambos os países fossem reconhecidos.

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