Pro Trilhos ultrapassa R$ 100 bilhões de investimentos previstos em novas ferrovias

Até agora, Governo Federal recebeu 23 requerimentos de 12 entes privados interessados em construir e operar 7.501,79 quilômetros de estradas de ferro

O programa federal Pro Trilhos, que estimula a ampliação da malha ferroviária nacional pelo instrumento de outorga por autorização, alcançou uma cifra histórica nesta segunda-feira (25): R$ 100,03 bilhões de investimentos previstos. Com os dois novos requerimentos protocolados no Ministério da Infraestrutura (MInfra), chega a 23 pedidos no total sendo analisados pela equipe da Secretaria Nacional de Transportes Terrestres (SNTT). Deste total, 19 já passam por análise de viabilidade locacional junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Os 23 requerimentos foram formulados por 12 investidores privados interessados em construir e operar segmentos ferroviários - e somam 7.501,79 quilômetros de novos trilhos, cruzando 14 unidades da Federação. As solicitações atendem demandas históricas do transporte ferroviário quanto à provisão de novas rotas e à inclusão de mais operadores na oferta ferroviária para escoamento de cargas minerais, agrícolas e por contêineres pelo país.

Atuante no setor de infraestrutura portuária, a Petrocity apresentou o terceiro requerimento ao Governo Federal para desenvolver uma estrada de ferro. Agora, para operar um segmento entre Campos Verdes (GO) e Unaí (MG), com 530 quilômetros de extensão e investimento previsto em R$ 5,3 bilhões. A empresa também protocolou pedidos de São Mateus (ES) a Ipatinga (MG), com 410 quilômetros e R$ 4,1 bilhões em investimentos, e de Brasília (DF) a Barra de São Francisco (ES), com 1.108 quilômetros de extensão e R$ 14,22 bilhões em investimento previsto.

Já a Minerva Participações e Investimentos S.A. propôs ferrovia com 571,3 quilômetros de extensão, conectando os municípios de Açailândia (MA) a Barcarena (PA). Esse é o primeiro pedido formulado pela empresa, que pretende, com o ramal, criar uma nova alternativa de escoamento da Ferrovia Norte-Sul (FNS). O empreendimento deve exigir a aplicação de R$ 5,71 bilhões.

Intermodalidade

As novas rotas em análise ampliam a capilaridade da malha ferroviária nacional, conectando-a a instalações portuárias: tanto novas, com acesso a Terminais de Uso Privado (TUPs) como os de Alcântara (MA), São Mateus (ES), Linhares (ES) e Presidente Kennedy (ES), quanto já consolidadas, caso dos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR).

As solicitações também ampliam a infraestrutura ferroviária na fronteira agrícola vocacionada para o Arco Norte - como as linhas de Porto Franco a Balsas (MA) e de Água Boa a Lucas do Rio Verde (MT) -, e em áreas consolidadas com vocação para escoamento pelos portos de Vitória (ES), Santos e Paranaguá; linhas de Uberlândia ao distrito de Chaveslândia, em Santa Vitória (MG), e o novo corredor de Maracaju (MS) a Chapecó (SC), com hub em Cascavel (PR).

Dos 23 processos recebidos, 19 foram encaminhados à ANTT para as análises técnicas quanto à compatibilidade locacional dos projetos com o restante da malha ferroviária federal, implantada ou outorgada. Os demais ainda estão em fase de conferência da documentação recebida, o que é feito pela equipe da SNTT.

Dos 12 requentes que se apresentaram como interessados na provisão privada de infraestrutura ferroviária, três já atuam no setor pelo regime de concessão - VLI, Rumo e Ferroeste. São estreantes Petrocity, Grão Pará Multimodal, Planalto Piauí Participações, Fazenda Campo Grande, Macro Desenvolvimento Ltda, Bracell Celulose, Morro do Pilar Minerais S.A., Iron Brazil Railway e Minerva, que são originalmente vinculados a TUPs ou aos próprios originadores de carga.

O Marco Legal das Ferrovias, criado pela Medida Provisória 1.065/2021, também avança no Congresso Nacional, após a aprovação pelo Senado Federal do PLS 261/18. O texto agora será analisado pela Câmara dos Deputados. Caso aprovado sem mudanças pelos deputados, a tramitação se conclui e o projeto será sancionado pelo presidente da República, virando lei.

Confira a relação de todos os requerimentos apresentados até aqui:

  • Petrocity: São Mateus/ES - Ipatinga/MG: 410 km de extensão
  • VLI: Lucas do Rio Verde/MT - Água Boa/MT: 557 km de extensão
  • VLI: Uberlândia/MG - Chaveslândia/MG: 235 km de extensão
  • VLI: Porto Franco - Balsas/MA: 230 km de extensão
  • VLI: Cubatão/SP-Santos/SP: 8 km de extensão
  • Ferroeste: Maracaju/MS - Dourados/MS: 76 km de extensão
  • Ferroeste: Guarapuava/PR - Paranaguá/PR: 405,2 km de extensão
  • Ferroeste: Cascavel/PR - Foz do Iguaçu/PR: 166 km de extensão
  • Ferroeste: Cascavel/PR a Chapecó /SC: 286 km de extensão
  • Grão Pará: Alcântara/MA - Açailândia/MA: 520 km de extensão
  • Planalto Piauí Participações: Suape/PE - Curral Novo/PI: 717 km de extensão
  • Fazenda Campo Grande: Terminal Intermodal em Santo André/SP: 7 km de extensão
  • Macro Desenvolvimento Ltda.: Presidente Kennedy/ES - Conceição do Mato Dentro/MG -Sete Lagoas/MG: 610 km de extensão
  • Petrocity: Barra de São Francisco/ES - Brasília (DF): 1.108 km de extensão
  • Rumo: Santos - Cubatão - Guarujá/SP - 37 km
  • Rumo: Água Boa - Lucas do Rio Verde/MT: 508 km de extensão
  • Rumo: Uberlândia/MG - Chaveslândia/MG: 276,5 km de extensão
  • Bracell: Lençóis Paulistas (SP): 4,29 km de extensão
  • Bracell: Lençóis Paulistas-Pederneiras (SP): 19,5 km de extensão
  • Morro do Pilar Minerais S.A: Colatina - Linhares (ES): 100 km de extensão
  • Brazil Iron Mineração Ltda: Abaíra - Brumado/BA - Fiol - FCA: 120 km de extensão
  • Petrocity: Campos Verdes/GO - Unaí/MG: 530 km de extensão
  • Minerva: Açailândia/MA a Barcarena/PA: 571,3 km de extensão



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