Brasil precisa explorar potencialidades e baratear custos logísticos
Hoje, oito entre os dez itens mais exportados pelo Brasil são produzidos pelo agronegócio, setor que tem papel importante no equilíbrio da balança comercial
Com enorme potencial para crescer cada vez mais, o Brasil vai ficando para trás a cada vez que tocamos no assunto: distribuição e transporte de cargas.
Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) apontam que o Brasil tem enorme potencial para se tornar líder mundial na produção de alimentos, porém, a má qualidade das rodovias brasileiras - que representa 67% do total - é apontada como responsável pelo aumento de 30,5% do custo operacional para o escoamento dos grãos, conforme dados da CNT (Confederação Nacional dos Transportes).
Como aponta Carlo Lovatelli, presidente da ABIOVE e vice-presidente da Fundação Bunge, o país necessita de redes de escoamento de produção compatíveis com a sua capacidade produtiva. “O Brasil necessita, com urgência, adequar sua infraestrutura para a sua geografia social e econômica a fim de explorar as potencialidades do interior do país e as necessidades da população de cada região, diminuindo as desigualdades regionais, imprescindível também para agilidade e barateamento dos custos logísticos”.
Hoje, oito entre os dez itens mais exportados pelo Brasil são produzidos pelo agronegócio, setor que tem papel importante no equilíbrio da balança comercial. Segundo Lovatelli, ao mesmo tempo, o País possui um mercado interno com muitas possibilidades a serem exploradas no setor de consumo e serviços que dependem da rede de logística para ampliação do alcance. O e-commerce brasileiro movimenta hoje 41,3 bilhões de reais contra 305 bilhões de dólares do mercado norte-americano.
“Os dois cenários apresentados - a necessidade de ampliarmos nossas exportações bem como a de ampliar a distribuição interna do que se produz - tem um problema em comum que impede o País de crescer: a infraestrutura de transporte”, disse, destacando ainda que para o e-commerce, o frete representa até 62% do custo dessas empresas.
“E isso não pode ser feito apenas para atender a uma necessidade imediata. Na mesma medida, é preciso investir em estudos e inovações que diminuam os impactos ambientais na construção de infraestruturas de transporte e com alternativas que reduzam a emissão de CO2 na atmosfera, com redes inteligentes, descentralizada e que encurtem distâncias”, destaca o executivo.
Planos de ação, melhores medidas, planejamentos e investimentos, são trabalho do governo e fator é essencial para contribuir com melhorias e inovação nesse setor de forma que essas prioridades e metas, sejam adequadas as necessidades com a melhor relação custo benefício para o País. “As metas devem ser acompanhadas de avaliação transparente, periódica e profunda do seu andamento, e o diálogo com os diversos setores da economia deve ser aberto, construtivo, de forma que permita correção de rumos”, lembra.
Por outro lado, para ele a iniciativa privada, deve sim ser estimulada a atuar em parceria com o setor público “para a elaboração e execução de projetos de boa qualidade, com menor custo para a sociedade e ao menor tempo possíveis”. E acrescenta: “Sempre considerando o que cada setor tem para contribuir com dados, expectativas e planos de investimentos no País”.
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