Câmbio não tem sido suficiente para alavancar a demanda interna

Retração atinge praticamente toda a indústria brasileira que produz principalmente, para atender o mercado doméstico

Embora o desequilíbrio do câmbio em detrimento do real garanta bons parâmetros para o volume de exportações brasileiras, a depreciação do real não tem sido suficiente para alavancar a demanda interna da indústria do País. De acordo com o Boletim Indústria do Ceper (Centro de Pesquisa em Economia Regional) da Fundace (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia), a retração da demanda interna está ocorrendo a uma velocidade muito mais rápida do que o estímulo proveniente do câmbio.


Os pesquisadores afirmam que os efeitos da depreciação do real são restritos a alguns setores exportadores, além de outros que dão suporte às empresas exportadoras, enquanto a retração da demanda interna atinge praticamente toda a indústria brasileira que produz, sobretudo, para atender o mercado doméstico.


Ainda segundo o boletim, a indústria do estado de São Paulo sofre relativamente mais com a queda da demanda agregada interna. "Como boa parte da indústria paulista atende à demanda interna nacional, a crise que assola o País vem afetando fortemente o seu desempenho", descrevem os pesquisadores do Ceper/Fundace.


O Boletim traz também indicadores do índice de confiança, situação atual e de expectativas para o setor. Desde junho de 2014, os indicadores têm ficado abaixo de 100 pontos, o que significa que existe um pessimismo dos empresários da indústria com os negócios e expectativas para os próximos seis meses.

Também desde junho de 2014, o nível de utilização da capacidade instalada, compreendido como o percentual de ocupação dos fatores capital e trabalho, apresentou tendência de queda, como consequência da forte retração da demanda apresentada ao longo de 2015.


"O agravamento nas condições da economia brasileira para o empresário industrial, a piora nas expectativas, além da forte retração na demanda, ajudam no entendimento da grande destruição de emprego que ocorreu nesse setor, em 2015", conforme trecho do estudo. Em relação ao volume produzido da indústria geral, na extrativa e na de transformação, as informações sobre a variação acumulada mês contra mesmo mês do ano anterior mostram que o volume produzido em 2015 em comparação a 2014 diminuiu consideravelmente.


Mesmo a indústria extrativa, que vinha mantendo variação positiva até setembro de 2015, apresentou uma retração de 10,3% na produção de novembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. As variações na produção da indústria geral e da indústria de transformação apresentaram retrações ainda mais expressivas: menos 12,4% e menos 12,7%, respectivamente, em novembro de 2015 em relação a novembro de 2014.


A Sondagem Industrial é realizada com base em dados sobre volume de produção, nível de utilização da capacidade instalada, estoques de produtos finais, perspectivas para os próximos meses quanto à demanda, compra de matéria-prima e exportação. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) é construído com base em questionamentos feitos aos empresários industriais das áreas extrativistas e de transformação sobre condições atuais e para os próximos seis meses quanto às condições gerais internas da empresa, da economia brasileira e do estado de São Paulo.


O Boletim Indústria está disponível para acesso no site da Fundace.

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