Comércio de aço causa desentendimento entre principais atores do mercado

Brasil e EUA trocaram acusações em reunião da OMC, mas excedente na produção de aço pelo mundo também dominou reunião

Em intensa troca de críticas durante reunião oficial da OMC (Organização Mundial do Comércio), as delegações do Brasil e EUA deixaram claro o desentendimento que o comércio de aço está provocando entre os principais atores do mercado.

Na ocasião o governo brasileiro pediu para incluir na agenda da entidade um debate sobre o fato de o governo dos EUA ter implementado barreiras contra as exportações de aço do País. Com taxas variando de 20% a 35%, as medidas americanas praticamente fecharam o mercado dos EUA para alguns dos exportadores nacionais.

As taxas foram impostas depois que os americanos passaram a investigar 32 programas de apoio no Brasil ao setor siderúrgico, número que acabou sendo reduzido para seis programas.

O Brasil afirmou estar "preocupado" diante da iniciativa americana e alertou que não entende até agora qual das regras da OMC violou para justificar as barreiras e garantiu que o setor siderúrgico nacional "não é subsidiado". Para provar isso, a delegação apontou que informações colhidas em websites comprovariam que as empresas nacionais não estariam sendo apoiadas por recursos públicos. A delegação de Washington alegou que as informações apresentadas pelos brasileiros "não eram corretas".

Ataque Americano em brasileiros “fofoqueiros”

Os diplomatas americanos chegaram chamaram os sites mencionados pelo Brasil de "websites de fofocas" e garantiam que as investigações sobre as práticas comerciais brasileiras foram iniciadas por conta de "provas" que teriam sido coletadas pelos americanos. O governo brasileiro insistiu que o IPI não é um subsídio, porém a tese foi rejeitada por Washington que afirmou ter “evidências de que sim, esse é programa de subsídios".

A troca de acusações, porém, não foi a única a dominar a reunião da OMC. O excedente na produção de aço pelo mundo fez o Brasil e diversos outros países soarem o alerta em relação às diferentes respostas de governos, subindo tarifas de importação e aplicando barreiras. China e Rússia, por exemplo, acusaram a UE de estar proliferando medidas de antidumping no setor do aço. O Brasil ainda criticou novas investigações lançadas pelos sul-africanos.

Os americanos também se lançaram em uma dura crítica contra a falta de informação prestada pela China sobre a quantidade de programas de apoio de Pequim ao setor do aço. Para os EUA, porém, a China conta com "centenas de programas de subsídios" que jamais são informados.

O maior exportador de aço do mundo, porém, afirmou que não teria como dar valores sobre quanto destina a suas empresas chinesas e culpou o excedente global de produção como motivo da crise diplomática na OMC. Para Pequim, a entidade não é o local onde esse assunto deva ser tratado.

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