Expansão da capacidade operacional do Arco Norte pode trazer economia para regiões produtoras

Cálculos do consultor em infraestrutura e logística da CNA mostram que seriam necessários de 18 a 20 anos, para sanar o déficit portuário no Arco Norte

O Guia Marítimo noticiou ontem, segunda feira, (7), que, de acordo com o Ministro de Portos, Helder Barbalho, “a alternativa do Arco Norte está consolidada”. De acordo com os cálculos do consultor em infraestrutura e logística da CNA (Confederação Nacional da Pecuária e Agricultura do Brasil), Luiz Antônio Fayet, seriam necessários entre 18 e 20 anos, para sanar o déficit portuário no Arco Norte.

Fayet, que já falou sobre o assunto, em entrevista exclusiva ao Guia Marítimo, disse que é preciso ter condições logísticas adequadas para as novas fronteiras, “o deslocamento da porteira até um porto de embarque será reduzido entre 500 e 1 mil quilômetros de percursos terrestres”.

"Estamos vivendo um apagão logístico já que temos uma logística ineficiente que não se adequa as nossas necessidades".

Com a expansão da capacidade operacional do Arco Norte, de Porto Velho (RO) à Salvador/Ilhéus (BA), por exemplo, haveria uma economia entre US$ 47 e US$ 60 por tonelada de grão, a depender da região produtora. Só em Mato Grosso, o impacto estimado é de US$ 1,2 bilhão por ano. Segundo ele, se “o Governo não atrapalhar, o Brasil será o maior exportador do mundo em 2020”. Para isso, no entanto, é preciso melhorar não apenas os portos, mas a malha ferroviária, as hidrovias e as rodovias.

Um trabalho realizado pela CNA junto a Aprosoja/MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso) – analisou a estimativa de perda potencial de renda da cadeia produtiva na safra de 2014. Considerando o município de Sorriso (MT), como base média, a análise mostrou que os custos logísticos nas exportações de 28 milhões/t nas rotas Santos – Paranaguá chegavam a US$ 126/t e na rota Miritituba – Belém a US$ 80/t. Um prejuízo de US$ 1,2 bi ao ano.

Na opinião de Fayet a conta é simples: “estamos vivendo um apagão logístico já que temos uma logística ineficiente que não se adequa as nossas necessidades”. Ainda segundo o consultor, o grande déficit está no arco norte. “Nós tivemos um apagão e é tanto para os granéis agrícolas como para as cargas conteinerizadas. Esse apagão é quantitativo e de custos. Essa foi a grande lesão que aconteceu entre a intenção da presidente da república e o que aconteceu nas bases. É um prejuízo brutal para a economia brasileira”, apontou.

As limitações portuárias no Norte do Brasil geram perdas ao redor de US$ 4 bilhões por ano para o agronegócio apenas com transporte. Um estudo da Câmara de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura estima que entre 60 milhões e 70 milhões de toneladas de soja e milho terão de rodar mil quilômetros a mais, saindo do Centro-Norte em direção aos portos do Sul e Sudeste, para serem exportados. Na prática, isso significa mais do que perdas com frete: traz impactos de congestionamento nas estradas e nos portos, sobrecarregando Santos e Paranaguá (PR) - as principais portas de saída do País.

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