Foco nas exportações pode oferecer melhores perspectivas para 2016

Após inaugurar um departamento exclusivo para agenciamento de cargas, Grupo Martins aposta no fortalecimento nas operações de exportação para contornar o mercado em crise

2015 foi um ano de redução do consumo, com queda de vendas e de faturamento em quase todos os segmentos da economia e perspectivas não menos exasperantes. Para driblar a crise, as empresas de serviços e produtos em geral buscaram manter o foco na redução de custos e ampliação de mercado, especialmente ganhando consumidores fora do Brasil, uma vez que o cenário nacional apresenta um quadro crise política somada ao refreamento geral da economia.


Assim foi a trajetória do Grupo Martins nesse ano marcado pela dificuldade. A empresa manteve o foco nas exportações, garantindo um fôlego para fechar o ano de 2015 com crescimento 20% acima dos números registrados no ano anterior. Com a alta do dólar, a o Grupo conseguiu intensificar operações e compensar a queda da demanda do mercado interno, fechando o ano com um faturamento de R$ 110 milhões.


Para 2016, o fundador e presidente do Grupo, Lourival Martins, espera manter o mesmo ritmo de crescimento, descontadas as dificuldades do cenário fraco que se tem em perspectiva para a economia mundial nos próximos meses: “Nossa carteira de clientes de exportação sempre foi historicamente muito menor do que a de importação, porém isso começou a mudar já no início do ano passado. Nossos clientes costumavam exportar um total de R$ 5 milhões, montante que saltou para R$ 50 milhões em meados de 2015, fechando, em dezembro, a R$ 70 milhões”.


Oportunidade

Sem frustrar nenhum prognóstico, a Martins viu sua carteira de clientes de importação enxugar no ano passado, com queda de 22%. “Não teve jeito. O preço do dólar inviabilizou muitas operações. O importador, nosso tradicional cliente, pisou forte no freio”, assume Lourival Martins. Enquanto isso, em números absolutos, o incremento nas operações de exportação dos clientes chegava a 35% do faturamento total do Grupo. Diante do número expressivo, Lourival Martins enxergou a oportunidade de montar na empresa uma área de agenciamento de cargas, o único elo que faltava para fechar o clico da cadeia de serviços do comércio exterior. “Era um projeto antigo. Nós tínhamos tudo organizado, todos os contatos necessários e pessoal qualificado à disposição. E sempre deixávamos para depois. Mas, com o volume de exportações aumentando nessa velocidade, o momento era o ideal”, explica.


Com pouco mais de seis meses de atuação, hoje a área de agenciamento de cargas do Grupo Martins já representa 20% do faturamento total. “Ao prestar um serviço com estrutura própria em toda a cadeia, e com a inclusão do agenciamento de carga, pudemos oferecer uma operação com redução de 15% a 20% de custos logísticos para os clientes. Isso foi muito significativo em um ano de crise. O meu cliente ficou mais competitivo”, analisa Martins. “Esse foi talvez o nosso grande diferencial no ano passado, que refletiu no faturamento total do Grupo”, avalia.

O Grupo Martins atua há quase 28 anos no comércio exterior e está entre os dez maiores operadores logísticos do Brasil. Desde março de 2015, mantém um Centro de Distribuição de 11 mil metros quadrados na cidade de Poá (SP), região do Alto Tietê.


Planos para 2016


Para atender à provável demanda para este ano, a Martins montou o que chamou de “operação de guerra”, envolvendo agenciamento da carga, transporte e armazenagem da mercadoria no Centro de Distribuição de Poá. Além disso, há planos para lançar na região do Alto Tietê uma campanha usando mídias impressas e digitais e promover workshops em parceria com entidades, com o objetivo de explicar e disseminar a cultura da logística da exportação. “A maioria acredita ser um processo muito complexo. Temos conhecimento e expertise para assessorar as empresas no assunto”, disse o presidente.


Embora o foco da empresa se mantenha nas exportações como forma de impulsionar as operações nesta época de desvalorização monetária e crise econômica, as importações, no entanto, não serão esquecidas: o Grupo avalia que pode aquecer a carteira com serviços diferenciados como consultoria tributária e fiscal, aconselhamento de operações de drawback e redução dos custos logísticos, a partir da utilização da sua própria estrutura, como armazenagem e transporte. “Muitas indústrias não sabem que podem importar, principalmente maquinário pesado, com benefício tributário. As operações de drawback ainda são pouco usadas e temos condições de reduzir os custos logísticos das importações de muitas empresas”, pontua. Para ele, com preço do dólar ainda em alta neste ano, pequenos acertos podem trazer competitividade ao importador.



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