Grandes incertezas

Mercado financeiro volta a ficar alerta depois de FMI voltar a rebaixar projeção do PIB para 2017

A nova projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) que voltou a rebaixar a previsão de desempenho econômico para o Brasil está em linha com o esperado por economistas que preveem uma retração de 3,77% no PIB esse ano e uma leve alta em 2017 de 0,3%. O alerta do órgão no relatório Perspectiva Econômica Mundial e de um “encolhimento” de 3,8% no PIB brasileiro esse ano, contra um crescimento zero, previsto para 2017. De acordo com o órgão, o Brasil só voltará a ter um superávit primário a partir de 2020, ou seja, as contas do setor público no Brasil continuarão a colecionar rombos, ainda que cada vez menores, pelo menos até 2019."A incerteza aumentou e os riscos de um cenário mais fraco de crescimento estão se tornando mais tangíveis".

"Estas previsões estão sujeitas a grandes incertezas", advertem economistas da instituição no documento, que não cita explicitamente o cenário político brasileiro e traz recomendação para que o País tome medidas pelo lado dos impostos para melhorar as contas fiscais. A recomendação do FMI é que o Brasil persista com os esforços de consolidação fiscal. A melhora das contas públicas pode estimular uma reviravolta nos níveis de confiança dos consumidores e investidores, atualmente em níveis historicamente baixos. "A contração da economia brasileira vem sendo maior que a esperada, enquanto outros países da América Latina permanecem em linha com o previsto", afirma o Fundo.

Para a inflação, a projeção é que se mantenha em 8,7% este ano e 6,1% em 2017, ambos em queda em relação a 2015, influenciada pela redução dos efeitos da depreciação do câmbio e do ajuste em preços administrados. Em um cenário de retração da economia, as instituições financeiras esperam que o BC (Banco Central) reduza a taxa básica de juros, a Selic, este ano. Com a exigência de uma "política monetária apertada", a expectativa para a taxa ao final de 2016 siga em 13,75% ao ano. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano. Para o fim de 2017, a expectativa é que ela chegue a 12,25% ao ano.

A piora da América Latina

Na projeção do desempenho econômico da América Latina o que se vê é a região encolhendo 0,5% este ano e voltando a crescer, mas em ritmo modesto, em 2017, com expansão podendo chegar a 1,5%. De acordo com o balanço do FMI, a recessão maior que o esperado do Brasil é um dos principais fatores que explicam a piora dos números para a região. Além da economia brasileira, outros países da região devem ter PIB negativo. A Argentina deve encolher 1% - apesar de aparecer com expansão positiva em outros mercados – a Venezuela 8% e o Equador 4,5%. "Na América Latina, a desaceleração do Brasil foi maior que o esperado, enquanto a atividade no restante da região ficou basicamente em linha com o previsto", afirma o relatório.

Mundo

O FMI também rebaixou novamente as previsões para o crescimento da economia mundial, citando a piora do cenário para os emergentes e expansão abaixo do previsto nos países desenvolvidos. Para 2016, a expectativa é de avanço de 3,2%, ante 3,4% previstos em relatório divulgado em janeiro. Para 2017, o Fundo estima alta de 3,5%, ligeiramente inferior ao estimado anteriormente, 3,6%.

A China, como o Guia Marítimo já vem comentando, agora a maior economia do mundo pelo critério de paridade do poder de compra, de acordo com o FMI, foi uma das exceções e teve estimativas melhoradas. Em janeiro, o Fundo previa expansão de 6,3% para o país asiático em 2016, número elevado agora para 6,5%. Para 2017, a estimativa foi aumentada em 0,2 ponto, para 6,2%. O relatório alerta, porém, que ainda há bastante incerteza sobre a "complexa" transição em curso na economia do país, que quer mudar o modelo de crescimento para que o consumo interno tenha mais peso na atividade. O processo pode gerar solavancos na economia mundial, ressalta o relatório.

"A incerteza aumentou e os riscos de um cenário mais fraco de crescimento estão se tornando mais tangíveis". O FMI cita em diversos momentos a recessão do Brasil, mais profunda que o previsto, e da Rússia. Casos os dois países não se recuperem como o esperado em 2017, o PIB mundial pode ser novamente empurrado para baixo. Para os mercados emergentes também houve corte de projeções. Esses países devem crescer 4,1% em 2016, 0,2 ponto a menos do que o estimado em janeiro. Em 2017, a estimativa foi reduzida de 4,7% para 4,6%.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.