O Comércio Mundial, Ecos de Davos e o Transporte Marítimo

Solve Shipping Inteligence - Destaque do Mês

                                                                                                  




Estudo divulgado pela ONU diz que o efeito geral da guerra comercial EUA-China será negativo, mas dos US$ 250 bilhões em exportações chinesas sujeitas a novas tarifas nos EUA, cerca de 82% serão capturados por empresas de outros países: “A guerra comercial EUA-China está criando um grande grupo de países beneficiários, com os importadores buscando outros países como fonte alternativa para evitar as tarifas, porém cresce o risco da escalada do conflito político que pode culminar numa nociva guerra cambial e em medidas cada vez mais protecionistas, prejudicando as economias mais fracas”.

Os resultados, segundo a Unctad (órgão das Nações Unidas para comércio, investimento e desenvolvimento), foram consistentes em diferentes setores: máquinas, produtos de madeira, móveis, equipamentos de comunicação, produtos químicos, instrumentos de precisão etc. "A razão é simples: as tarifas bilaterais alteram a competitividade global em benefício de empresas que operam em países que não são diretamente afetados por elas", disse a organização. “Isso se refletirá em novos padrões de importação e exportação em todo o mundo”.

O estudo indica que as exportações da União Europeia são as que mais aumentarão, capturando cerca de US $ 70 bilhões do comércio bilateral EUA-China - US$ 50 bilhões das exportações chinesas para os EUA e US$ 20 bilhões das exportações dos EUA para a China, seguidos de Japão, México e Canadá que capturarão US$ 20 bilhões cada.

Efeitos substanciais em relação ao tamanho de suas exportações também são esperados para a Austrália, Brasil, Índia, Filipinas, Paquistão e Vietnã, de acordo com a Unctad. No entanto, o estudo também sugere que, mesmo para os países cujas exportações devem aumentar devido à guerra comercial, nem todos os resultados serão positivos. Por exemplo, o Brasil se beneficiou de importadores chineses que compram soja não americana, mas o impacto tem sido distorcivo. "Como a magnitude e a duração das tarifas não são claras, os produtores brasileiros têm relutado em tomar decisões de investimento que podem se revelar não lucrativas se as tarifas forem revogadas", disse a Unctad. “Além disso, as empresas brasileiras que operam em setores que usam soja como insumo - como a ração animal - estão fadadas a perder competitividade por causa dos aumentos de preços provocados pela demanda chinesa por soja brasileira.”

Semanas atrás, quando estavam reunidas em Davos representantes da “elite pensante” mundial: Presidentes, Chefes de Estado, Líderes de grandes Multinacionais, Intelectuais, Cientistas e até mesmo artistas renomados, o “Conselho do Futuro do Comércio e Investimento do Fórum Econômico Mundial” resumiu em quatro possibilidades o cenário do comércio e dos investimentos à luz das várias correntes prevalecentes no mundo atual: 







Essas possibilidades emergem do que se tem observado nos últimos tempos, com fortes ataques à globalização, a ascensão de governos populistas, questionamentos quanto ao propósito da União Europeia (ex. Brexit) e a guerra comercial entre duas maiores potências mundiais.

No que se refere mais especificamente ao Transporte Marítimo, a UNCTAD também alertou recentemente em seu “Maritime Review 2018” que: “Embora as perspectivas para o comércio marítimo sejam brilhantes, os riscos negativos, como o aumento das políticas voltadas para o mercado interno e a ascensão do protecionismo comercial, pesam. A escalada de atritos comerciais pode levar a uma guerra comercial que pode atrapalhar a recuperação, remodelar os padrões do comércio marítimo global e reduzir as perspectivas. Além desses, outros fatores que impulsionam a incerteza são: a transição energética global em curso (IMO 2020), mudanças estruturais em economias como a China e mudanças nos padrões de desenvolvimento da cadeia de valor global”.

Por outro lado, se alavancadas de forma eficaz, as tendências que mudam o jogo, como a digitalização, o comércio eletrônico (e-commerce) e o “ BRI Belt and Road Initiative”, cujo impacto exato ainda não foi totalmente compreendido, têm o potencial de inflar as velas das forças globais do comércio marítimo.

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