Safra de grãos aumenta, porém sofre pressão por queda de ações na China

Apesar do aumento registrado nas exportações, os produtos principais da pauta brasileira sofreram queda de preço médio, o que levou à redução do superávit da balança


graos Os números do 4º levantamento da safra de grãos para 2015/2016 apontam para uma produção de 210,5 milhões de toneladas. O volume representa 1,4% a mais do que a safra anterior, com aumento de 2,8 milhões de toneladas, segundo a estimativa divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (12), em Brasília.

De acordo com o estudo, o destaque fica para a soja, com crescimento de 6,1%, passando de 96,2 para 102,1 milhões de toneladas, um aumento impulsionado pelos preços no mercado mundial. O maior produtor da oleaginosa é o estado do Mato Grosso, com 28,3 milhões de toneladas, o que representa cerca de 28% da safra nacional, seguido do Paraná, com 18,5 milhões de toneladas.

Apesar do crescimento, o comércio de soja também apresenta risco nos mercados internacionais, provocado pela nova queda das ações na China. Mesmo assim, ganhou apostas comerciais no relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Lotes para março apresentaram queda de 4 centavos, para US$ 8,6125 por bushel. Espera-se que o USDA ainda aumente as projeções para os estoques de passagem no país, devido à constante perda de competitividade do grão americano no mercado internacional. Desde o início da safra até a primeira semana de janeiro, os EUA exportaram 29 milhões de toneladas de soja, um número 10,4% abaixo do registrado no mesmo período da safra anterior. No Brasil, o indicador Cepea/ Esalq para a soja em Paranaguá subiu 0,23%, passando o valor da saca para R$ 83,35.

Com relação ao milho (1ª safra), os números apresentaram uma redução de 7,7%, passando de 30,1 para 27,8 milhões de toneladas. Isso ocorre, segundo o levantamento, porque os produtores vêm optando pelo plantio de soja na mesma área do milho e, após a colheita, entram com o milho 2ª safra.

A estimativa de área plantada no Brasil totaliza 58,5 milhões de hectares, o que representa aumento de 0,9% sobre a safra passada, que foi de 57,9 milhões de hectares. Esse fator deve-se unicamente ao crescimento de 3,5% (1,1 milhão ha) da área de soja. As outras culturas apresentaram decréscimo na área de plantio, com exceção da mamona, que teve um crescimento significativo de 56,4%, passando de 82,1 mil para 128,4 mil hectares.

Em 2015, a participação do agronegócio na balança comercial brasileira foi a maior desde o início da série histórica, respondendo por 46,2% de tudo o que é vendido ao exterior. Em 2014, esse percentual foi de 43% e, em 2013, 41,3%. Em relação ao valor exportado, o complexo soja ocupou a primeira posição no ranking, com US$ 27,9 bilhões. As carnes vieram em segundo lugar nas vendas externas (US$ 14,7 bilhões), com destaque para a carne de frango, que representou 48% do valor exportado pelo setor de carnes (US$ 7,07 bilhões e 4,23 milhões de toneladas).

Os produtos florestais ocuparam a terceira posição. Foram exportados US$ 10,33 bilhões, dos quais mais da metade representa venda de celulose (US$ 5,59 bilhões). Em relação ao ano anterior, houve crescimento de 5,6% em valor, quando as exportações do produto haviam alcançado US$ 5,29 bilhões.

Apesar do aumento registrado nas exportações, os produtos principais da pauta sofreram queda de preço médio, o que levou à redução do superávit da balança: em 2015, o total de vendas foi US$ 75,15 bilhões, inferior aos US$ 80,13 bilhões em 2014. A baixa, porém, foi compensada pelos volumes recordes exportados e pela valorização do câmbio, o que sustentou a renda em real dos exportadores.

A China foi o principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro em 2015, somando US$ 21,28 bilhões, principalmente em soja em grãos e celulose. O país asiático foi o destino de mais de 75% da soja em grãos brasileira exportada no período. O segundo destino foram os Estados Unidos (US$ 6,47 bilhões) com destaque para café verde (US$ 1,18 bilhão), celulose (US$ 983,62 milhões) e álcool (US$ 451,03 milhões). Vietnã, Bangladesh, Irã e Coreia do Sul contribuíram para amenizar a queda das exportações do agronegócio brasileiro no ano passado. Em conjunto, esses mercados registraram crescimento de US$ 1,2 bilhão em compra de produtos brasileiros no período.

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