O que impede a cabotagem de crescer?

Companhias especializadas em cabotagem vêm apostando na massificação do modal entre pequenas e médias empresas para manter crescimento

download (1) Prevendo que o modal aquaviário teria um salto na participação na matriz de transporte nacional de 13% em 2005 para 29% em 2025, o PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte), mesmo com as dificuldades da atual crise político-econômica que atrasa o desenvolvimento do País, aponta que essa marca não está tão distante assim.


De acordo com Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, com um avanço médio de 30% ao ano, desde 2008, as companhias especializadas em cabotagem vêm apostando na massificação do modal entre pequenas e médias empresas para manter crescimento. “Apesar de o modal rodoviário ser o mais usado, questões como o aumento do frete – impulsionado pelo custo do diesel – podem mudar o cenário”, disse, apontando nesse caso, a atuação do operador logístico como fundamental. “Isolada, uma empresa de pequeno porte pode não ter muito poder de negociação, mas, ao lado de outras, passar a ter condições de obter uma redução de até 40% nos custos de uma operação”, disse.


Lembrando do recente estudo do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain) – que apontou que para cada contêiner transportado pela cabotagem ainda existem 6,5 contêineres com potencial para migrar para a navegação costeira – o executivo ressaltou a redução de custos logísticos da cadeia de transportes, eficiência ambiental e segurança para as cargas e nas estradas, sem causar danos ao segmento rodoviário, pois o transporte por via marítima somente pode ser adequado a maiores distâncias. “Ao contrário deste modal, furtos e roubos, praticamente, não existem na cabotagem, que garante ainda maior integridade das cargas, com índices de avarias bem inferiores aos do transporte rodoviário”.


Para ele, a competitividade da cabotagem não está apenas na questão do frete: “É possível eliminar a utilização de armazéns temporários e a movimentação da carga com o uso do próprio contêiner como armazenagem temporária a partir da estufagem na planta do produtor até a entrega ao seu cliente final”. Outro ponto a favor da cabotagem ressaltado por Lourenço é a vigência da recente Lei do Caminhoneiro, que impede o abuso nas horas trabalhadas pelos motoristas de utilitários.


Para o avanço do modal, porém, ele aponta que existem muitos entraves como questões burocráticas e a baixa frequência de embarques e desembarques. “Além disso, as obras de melhoria dos acessos aos portos, infelizmente, não têm acompanhado a crescente demanda. Essa deficiência é visível tanto na estrutura rodoviária como na ferroviária no porto de Santos, por exemplo”.


Para tanto, o executivo cita a necessidade de mais investimentos na infraestrutura portuária, desde dragagem e manutenção da profundidade dos canais de acesso e nos terminais até o aumento no número de terminais portuários. “Sem contar que a cabotagem ainda é tratada do mesmo modo que o comércio internacional, com exigências legais iguais às do longo curso, o que é um contrassenso”, finalizou o presidente da Fiorde.

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