Maersk e Everllance destacam papel do etanol brasileiro na descarbonização do transporte marítimo
A A.P. Moller – Maersk e a Everllance, duas das maiores companhias globais de transporte marítimo, anunciaram um posicionamento conjunto em apoio ao plano mundial de descarbonização do setor naval, reforçando a importância de soluções de baixo carbono com escala e disponibilidade imediata.
O movimento ocorre após o recente ciclo de discussões da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o futuro Marco Regulatório de Emissões (Net-Zero Framework – NZF). Apesar das incertezas quanto ao ritmo regulatório, as companhias e os produtores brasileiros de etanol mantêm foco em resultados concretos e no avanço da transição energética.
A iniciativa contou com a participação de grandes produtoras e comercializadoras de etanol, como Atvos, Copersucar, FS, Inpasa e Raízen, que reforçaram o compromisso do Brasil em desenvolver alternativas sustentáveis e competitivas para o transporte marítimo global.
Etanol: solução comprovada, acessível e pronta para uso
O posicionamento conjunto reforça a força técnica e regulatória do Brasil no cenário internacional, mostrando que a transição energética vai além de novos marcos normativos. O etanol, amplamente utilizado no transporte rodoviário em diversos países, desponta agora como alternativa imediata e escalável também para o transporte marítimo.
Testes realizados em navios dual-fuel (bunker e metanol) demonstraram o potencial do etanol e de misturas como o E10 (10% de etanol) como combustível marítimo, sem prejuízo ao desempenho. A Maersk, por exemplo, segue com um projeto-piloto a bordo da embarcação Laura Maersk, o primeiro porta-contêineres movido a metanol do mundo, que avalia diferenças de ignição, corrosão, lubrificação e emissões entre os combustíveis.
“Para o transporte marítimo, a escala de produção existente do etanol é uma vantagem e poderia fornecer uma terceira opção de combustível para motores a metanol de combustível duplo. A colaboração entre produtores, usuários e reguladores será essencial para compreendermos melhor o seu papel no panorama energético futuro do setor”, destacou Morten Bo Christiansen, Senior Vice-Presidente e Head de Transição Energética da Maersk.
Brasil como protagonista da transição energética
Com a participação das principais empresas do setor sucroenergético, o encontro reforçou o protagonismo do Brasil na transição energética global. O país, líder na produção de biocombustíveis, já demonstra maturidade tecnológica e capacidade de atender às mais exigentes regras internacionais de sustentabilidade.
“O etanol, já utilizado em grande escala em outros setores de transporte, é um dos combustíveis alternativos que merecem uma avaliação técnica e regulatória mais aprofundada. O Brasil demonstra capacidade de produzir etanol de forma sustentável, com potencial de crescimento e atendendo às mais rigorosas regras de certificação”, afirmou Danilo Veras, vice-presidente de Políticas Públicas e Regulatórias da Maersk para a América Latina.
Oportunidade econômica e industrial
A validação do etanol no transporte marítimo abre uma nova fronteira de oportunidades econômicas e industriais para o Brasil. Segundo projeções do setor, se apenas 10% da demanda mundial de combustível marítimo em 2030 fosse substituída por etanol, a nova demanda seria equivalente à produção total brasileira atual — um impulso expressivo para a economia, geração de empregos e atração de investimentos.
Com uma safra recorde estimada em 34,96 bilhões de litros (2024/25), o Brasil consolida-se como um player estratégico para atender à transição energética do transporte marítimo global.
Rumo a um padrão global sólido e baseado em dados
As produtoras brasileiras de etanol defendem que o avanço do setor depende da criação de um padrão global robusto de certificação e medição de emissões, com base no ciclo de vida do combustível e em critérios de transparência.
“Apoiamos plenamente o trabalho futuro da IMO para analisar a compatibilidade do etanol com tecnologias marítimas, o ciclo de vida e os processos de certificação. Continuaremos investindo e demonstrando a viabilidade do etanol, independentemente dos desafios regulatórios que se apresentem”, afirmaram em nota conjunta as produtoras brasileiras.

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