Leandro Barreto e o Guia Marítimo

Nesta semana, o Guia Marítimo comemora um ano de parceria com o colunista Leandro Barreto e traz os destaques que marcaram o ano

Na semana passada, o Grupo Guia comemorou um ano da versão exclusivamente digital do Guia Marítimo News. Hoje, a comemoração é de um ano de parceria e colaboração do colunista Leandro Barreto, cujas contribuições têm enriquecido o conteúdo do noticiário a cada semana.

Muita água rolou neste 2016. Leandro começou o ano falando das novas tendências da navegação, que vêm aumentando continuamente o tamanho das embarcações a necessidade de hub ports, com estruturas para cabotagem e serviços feeder. Com navios maiores, os serviços vêm de fato ficando menos numerosos, uma vez que as viagens carregam cada vez mais containers para destinos únicos. Nessa mesma toada, os armadores vêm se organizando, seja na abertura de serviços próprios de distribuição, seja no estabelecimento de parcerias, fusões e aquisições que têm mudado completamente o cenário mundial das companhias de navegação.

No decorrer do ano, Barreto ainda mencionou temas globais, como os impactos do petróleo sobre a navegação, os desdobramentos da falência da Hanjin, e a revolução tecnológica que tem levado todos os setores a se reinventar – sem deixar de fora o mercado dos transportes marítimos.

Com foco nos problemas enfrentados pelo Brasil, Leandro fez análises das principais ferramentas de estatística do País, discorrendo, em detalhes, sobre as informações disponíveis – e interpretadas – dos anuários da Codesp, da Antaq, da EPL. E a conclusão a que chegou é que, da mesma forma com que ainda precisamos desenvolver a infraestrutura da logística brasileira, é necessário também trabalhar com afinco sobre os dados e as estatísticas, evitando que informações duplicadas, ou não relacionadas, levem a ações onerosas ou desperdício de tempo e dinheiro em direções erradas.

Em um artigo polêmico, trouxe à tona as suspeitas de corrupção envolvendo o Porto de Santos, tão amplamente divulgadas na mídia e, ao mesmo tempo, tão distantes de uma solução. Abordou também os entraves aos projetos de dragagem do maior porto brasileiro, seus acessos intermodais e suas estatísticas de movimentação.

Com entusiasmo e frustração, o Guia Marítimo contou com a colaboração de Leandro Barreto para anunciar, seguidas vezes, as tentativas de licitação de áreas portuárias em todo o Brasil, canceladas em seguida, por falta de interessados diante dos parâmetros oferecidos pelo governo. Em uma análise bastante precisa, Barreto explicou a dificuldade dos investidores em assumir as áreas oferecidas, a maioria “greenfield”, demandando grandes esforços e com pouca segurança de retorno ao investimento.

Tivemos, ainda, a contribuição de Leandro Barreto para os dois eventos promovidos pelo Grupo Guia (Seminário VGM e A Hora da Cabotagem), além do painel internacional organizado pelo Guia Marítimo na TOC Americas, em Cancun.

Com um histórico rico em ideias, networking e grandes colaborações, o Guia Marítimo aproveita a semana em que completa um ano de parceria com o colunista Leandro Barreto para parabenizá-lo pelo excelente trabalho e fazer votos de que essa sinergia ainda faça muitos aniversários.

Confira abaixo as principais frases dos artigos de Leandro Barreto, com link para os originais.

Artigo 50 (novembro): Debates acalorados [sobre a Revolução 4.0] colocaram em xeque o futuro dos NVOCCs e Freight Forwarders nesse novo contexto, fazendo uma analogia bastante didática entre o antigo papel das agências de viagens versus os atuais sites de viagens como booking.com ou, ainda, o papel das agências matrimonias (e dos bares de paquera) versus o Tinder. Ou seja: a tecnologia está conectando cada dia mais diretamente os "usuários" dos "fornecedores", minimizando a importância dos "intermediários".

Artigo 46 (outubro): Ouço muitas pessoas dizerem que Santos é um "must-go port" e que, mesmo com todos os seus problemas e limitações, nunca poderá deixar de ser escalado pelos principais armadores. Mas o fato é que temos visto ultimamente muitos paradigmas desse setor caírem por terra. (...) Em outras palavras, para o bem do país e, principalmente, da economia da baixada santista, já passou da hora de o Porto de Santos ser tratado com seriedade e profissionalismo tanto pelo governo quanto pelos seus gestores.

Artigo 43 (setembro): Os possíveis reflexos e desdobramentos da iminente falência do sétimo maior armador do mundo ainda são imprevisíveis, mas certamente poderão, de alguma maneira, ser sentidos por aqui.

Artigo 40 (agosto): - As principais semelhanças entre a cabotagem no Brasil e nos demais países do mundo incluem o fato de, invariavelmente, ser um setor altamente regulamentado e protegido, algo que acontece sob o argumento de “proteger a indústria naval doméstica da concorrência estrangeira, preservar os ativos de transporte marítimo nas mãos locais para fins de segurança nacional e maximização da segurança em águas territoriais”.

Artigo 34 (julho): apesar da crise, a movimentação portuária em Santos continua crescendo, tendo alguns terminais batido recordes sucessivamente. Em outras palavras, não fosse a crise, os volumes seriam ainda maiores e, provavelmente, estaríamos passando pelo mesmo caos vivido anos atrás em função da falta de investimentos em nossos principais gargalos logísticos: falta de acessos terrestres e marítimos aos portos.

Artigo 31 (junho): Entre os impactos diretos dessa alta na cotação do petróleo está a probabilidade de os fretes marítimos começarem a sofrer reajustes em todo o mundo. No entanto, no caso específico do Brasil, e em médio prazo, isso poderia significar um importante efeito indireto sobre a disponibilidade de containers refrigerados para nossas exportações, já que o bunker mais alto inviabilizaria os antigos, pequenos e "beberrões" navios Full Reefer, que ainda transportam grandes quantidades de frutas nos dias hoje.

Artigo 25 (maio): Muito se fala sobre a necessidade de investimentos em novas estradas e ferrovias entre o Planalto Paulista e a Baixada Santista, mas os últimos três anos demonstram que medidas de planejamento também podem ser bastante eficazes, principalmente num cenário de baixa demanda no comércio internacional.

Artigo 24 (abril): Entendo que a situação [da dragagem do Porto de Santos] seja bastante complexa e pode gerar enormes impactos sobre a economia da baixada santista, portanto espero que os estudos estejam sendo realizados com a maior agilidade possível.

Artigo 20 (março): Enquanto, nas concessões, o vencedor do certame normalmente recebe em contrapartida uma estrutura básica de um terminal portuário (ex.: cais, pátio, armazéns) e pode começar a operar em um curto espaço de tempo após alguns investimentos, empresas que optam pelo TUP precisam de muito capital para construir tudo do início.

Artigo 15 (Fevereiro): [sobre o anuário da Antaq] Trata-se de uma ferramenta fantástica e que proporciona análises muito importantes para os diversos players desse setor, mas, tendo em vista que muitas vezes são utilizadas para direcionar decisões que envolvem milhões ou bilhões de Reais, exigem que o usuário tenha bastante entendimento quanto aos conceitos e limitações por trás dos dados.

Artigo 12 (Janeiro): Como muitos portos por aqui não são atendidos pelos navios maiores, seja por restrições operacionais, seja por falta de demanda, as figuras dos "hub ports" (portos concentradores de carga) e dos "feeder services" (navios menores, geralmente de cabotagem, que conectam os portos não servidos aos portos concentradores) têm apresentado crescimento exponencial.

Escrito por:

Leandro Barreto / Sócio-Consultor SOLVE Shipping

Administrador de empresas, especializado em economia internacional pela Universidade de Grenoble e em Inteligência Competitiva pela FEA/USP. Há mais de dez anos atuando no segmento, foi gerente de Inteligência de Mercado na Hamburg-Süd, professor pelo IBRAMERC e Diretor de Análises da Datamar Consulting. Atualmente, coordena projetos independentes de consultoria com forte atuação junto a armadores, autoridades portuárias, embarcadores e entidades públicas voltadas para o desenvolvimento do setor portuário.



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