Bloomberg avalia o mercado global de minério de ferro

China compra menos minério de ferro, porém produção do Brasil e da Austrália ainda devem aumentar nos próximos anos

Os analistas da Bloobmerg Intelligence, Kenneth Hoffman e Zhuo Zhang, elaboraram nesta semana o Bloomberg Latam Brief, que estuda o mercado mundial de minério de ferro, e avisam: Brasil e Austrália seguem como principais fornecedores mundiais, porém há quedas previstas nos preços de mercado, altamente dependente das compras chinesas.

As previsões de mercado no mundo todo projetam uma queda nos preços do minério de ferro, impulsionada pelo aumento dos fornecedores mundiais, e mais a baixa produção chinesa de aço. Estima-se que os atuais US$ 51 cobrados por tonelada cheguem a US$ 43 a 45 já no segundo semestre.

No primeiro semestre, a alavancada da produção das siderúrgicas chinesas levou a um salto (embora curto) na demanda, ajudando também a elevar os preços do minério de ferro, que chegou ao nível mais alto desde 2015: US$ 70 por tonelada, o que representou um ganho de 28%.

A demanda chinesa, no entanto, deve cair pelo segundo ano consecutivo. A China Iron & Steel Association prevê uma queda nas importações de minério de ferro do país para 920 milhões de toneladas: 4% a menos do que no ano anterior. Ainda assim, as grandes mineradoras ainda mantêm seu plano de aumentar a produção novamente em 2016, o que deve manter a pressão sobre os preços da matéria-prima.


A China recebe o minério de ferro por via marítima, especialmente da Austrália e do Brasil, que fornecem parcelas de 64% e 16% das compras chinesas, respectivamente. Até maio, os embarques de minério de ferro em Port Hedland subiram 2,5%, enquanto as exportações brasileiras aumentaram 9,2% durante o mesmo período. Os preços, por sua vez, subiram em 20% em 2016, e levaram as siderúrgicas chinesas a aumentar a produção própria.

Os embarques brasileiros correspondem a cerca de 25% do comércio transoceânico global de minério de ferro, e 15% das importações totais da China. Embora as exportações de minério de ferro do Brasil tenham diminuído 14,7% logo em junho, a quantidade embarcada no primeiro semestre saltou 5,7% na comparação com o ano passado. O aumento de 28% nos preços do minério de ferro no primeiro semestre também impulsionou os embarques a partir do Brasil, para satisfação da Vale, a maior produtora do País.


Junto com a BHP Billiton e a Rio Tinto, a Vale deve aumentar a produção global até 2020. Se somada à produção da australiana Fortescue, a oferta do minério de ferro deve totalizar 1,01 bilhão de toneladas em 2016, com aumento de 5% (para 1,06 bilhão de toneladas) em 2020, chegando aos 250 milhões de toneladas previstos para até 2018, um cálculo estimado pela Bloomberg Intelligence com base nos programas de produção das empresas.

Até 2020, a Austrália e o Brasil deverão se manter como principais produtores mundiais, de acordo com a Bloomberg Intelligence, que aponta que mais de 95% da nova oferta de minério de ferro virá dos dois países. Com infraestrutura já existente e minério de ferro na ordem dos 60%, os dois países estão entre os produtores de minério de ferro de mais alta qualidade no mundo, além dos custos de produção entre os mais baixos no ranking mundial.

China mantém-se consolidada como principal consumidora global, abocanhando 81,7% das exportações australianas e 61,1% das brasileiras. Os valores estão acima dos de junho de 2015, quando representavam 80,6% (Austrália) e 50,2% (Brasil). O aumento das exportações brasileiras foi impulsionado por um declínio na produção de aço da Europa, que caiu 13%, para 7,4 milhões de toneladas em maio de 2015 de 8,5 milhões em junho 2015. O aço mais barato da China provocou o fechamento de usinas europeias, que por sua vez redirecionaram o minério de ferro brasileiro para a China.

Clique aqui para ter acesso ao Bloomberg Latam Brief na íntegra.


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