Recuperação da indústria naval ainda traz riscos?

Mercado de manutenção e reparos pode ser melhor alternativa para recuperar o setor, mas nem todos concordam

Após a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) anunciarem que acreditam no redirecionamento da indústria naval para o mercado de manutenção e reparos como a melhor alternativa para recuperar o setor. Porém opiniões ainda divergem.

O assessor de planejamento e gestão estratégica da Codin-RJ (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro), Marcelo Dreicon, concorda e comenta que em um momento que a crise econômica fez diminuir as encomendas de novas embarcações, o setor de manutenção e reparos se torna uma oportunidade de crescimento para a indústria naval. Mas alerta que “esse é um nicho de mercado que, dado o conhecimento adquirido por nossos estaleiros, pode ser melhor explorado”, afirma.

O gerente administrativo do Estaleiro Marciate, Alberto Taborga, concorda. “Realmente houve uma redução no número de encomendas de novas embarcações, mas acreditamos que o setor de reparos ainda tem muito potencial, há bastante mercado e demandas para serem explorados. Além disso, há regiões no país que não possuem empresas capacitadas para atuar nesse segmento, que são carentes desse tipo de serviço e que precisam tê-los”.

O alerta fica por conta do superintendente do Estaleiro Renave, Luiz Eduardo de Almeida, que acredita que essa não é a melhor solução. “Redirecionar a indústria naval para manutenção e reparo é a única alternativa no momento, mas na minha opinião isso não vai recuperar o setor, pelo contrário, criará uma concorrência nociva. Isso porque os grandes estaleiros, que naturalmente atuam na área de construção naval, nesse momento fogem para o reparo para se manterem competitivos apenas, praticando qualquer nível de preço. Até porque eles possuem grandes estruturas e, normalmente, os reparos não são suas principais fontes de lucros”, pontua.

Taborga acrescenta ainda que o Estaleiro Marciate, em período de recessão, segue realizando investimentos. “Seguimos investindo em infraestrutura, em equipamentos e na diversificação de nossos serviços. Claro que diminuímos os aportes por causa da crise econômica, mas mesmo assim continuamos realizando investimentos pontuais, não ficamos parados frente à recessão. Com isso, temos perspectivas de crescimento já nos próximos anos”.

Quem também está otimista com a possibilidade de um reposicionamento para o mercado de manutenção e reparo é o gerente de vendas de soluções marítimas da Wärtsilä Brasil, Mário Barbosa. “Existem demandas para o mercado de reparos e quando se compara com a área de novas construções, com a perspectiva de flexibilização do conteúdo local e outros fatores, a alternativa para esse redirecionamento, em um curto e médio prazo, se mostra realmente mais positiva”, conclui o executivo.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.