Brasil cresce em importações marítimas após o período da pandemia

Recentemente o mundo passou por uma das maiores pandemias registradas em toda a sua história. A COVID-19, oficialmente fixada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, gerou diversos bloqueios em centenas de países e transformou o mercado de transporte marítimo em um desafio global que movimentou governos, instituições privadas, operadores logísticos e diversos atores do segmento.

O modal considerado um dos mais importantes para a balança comercial brasileira visualizou um momento de reestruturação de quadros de funcionários e quarentenas obrigatórias para a tripulação, evitando assim contaminações pelo vírus. Atrelado a este momento, diversos produtos tiveram um alto nível de escassez, principalmente atrelados ao segmento da saúde, dentre eles, equipamentos médicos, máscaras e suprimentos.

Um levantamento realizado Grupo Descartes System, mapeou o momento pré e pós pandemia e visualizou que o Brasil, apesar do momento crítico, evidenciou um crescimento estável dentro do modal marítimo para suas importações.

No ano de 2019, o volume de importação marítima atingiu o volume de US$ 133,1 bilhões de reais. Porém, seguindo o mesmo cenário já apresentado dos portos, em 2020, o valor representou US$ 110 bilhões e no em 2021, o total de importações atingiu US$ 160,9 bilhões. "O nível de eficiência ao longo da pandemia (2020 e 2021) é notório por parte dos portos brasileiros. Os volumes de importação cresceram substancialmente, até porque, ao longo da pandemia houve um crescente substancial do aumento de consumo de diversos produtos, principalmente no segmento médico hospitalar, além disso, vale ressaltar que no período pós-pandemia (2022) o mercado marítimo se desenvolveu robustamente. Como por exemplo, armadores que buscam ampliar a vida útil das embarcações, assim como empresas que buscam otimização de rotas, transformando a jornada mais eficiente e desburocratizada”, afirma Helen Abdu, Gerente Comercial de Datamyne na América Latina.

Em 2022, mesmo com o fim da pandemia, observou-se uma alta significativa nos números, quanto o volume total importado pelo Brasil chegou a US$ 210,9 bilhões - um crescimento de 31,08% em relação ao ano anterior. "É importante destacar que houve também um incremento no valor do frete ao longo deste período. A escassez de containers atrelado a diminuição de voos internacionais, também gerou um aumento substancial do modal marítimo", complementa Abdu.

Outro personagem importante para o funcionamento destes transportes seriam os portos por todo o país. Em 2019, o Porto de Santos, o maior da América Latina, movimentou US$ 52,6 bilhões. Já em 2020, mais precisamente no epicentro da pandemia, o valor atingido foi de US$ 45,9 bilhões, ou seja, um decréscimo de quase 13%. Entretanto, no ano seguinte, o mesmo estabelecimento voltou a crescer e recebeu US$ 62,7 bilhões, o equivalente a 39% do total importado e em 2022, com o término da pandemia, os números cresceram significativamente, atingindo a marca de US$ 77,9 bilhões. "Este local possui um papel imprescindível, pois abastece diversas regiões do centro-oeste e sudeste do país. Além disso, segundo estudos, o estabelecimento já está chegando próximo a sua capacidade máxima para movimentação de containers que é de aproximadamente 5,3 milhões de TEUs/ano", determina Helen.

O terceiro ponto levantado pelo estudo foi o relacionamento com os nossos principais parceiros comerciais. Basicamente pré e pós COVID-19, China, Estados Unidos e Alemanha foram os países que mais exportaram produtos ao país via o transporte marítimo, respectivamente. "Para se ter um exemplo, antes da pandemia o Brasil importava da China via transporte marítimo o equivalente a US$ 27,8 bilhões. Já em 2022, este número subiu para US$ 52,7 bilhões, apresentando um crescimento de quase 89,5% ao longo do período. Além disso, diversos produtos são importados do país asiático, dentre eles, majoritariamente componentes elétricos", aponta Abdu.

Por fim, de janeiro a setembro de 2023, os volumes continuam em ascensão e podem bater novos recordes: só neste período, o Brasil já importou um volume de US$ 137 bilhões. "É possível visualizar que o período da pandemia foi um enorme desafio enfrentado por diversas nações, entretanto é possível traçar uma regularidade pós COVID-19, evidenciando assim um novo momento para a balança comercial brasileira", finaliza Helen Abdu, Gerente Comercial de Datamyne na América Latina.


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